‘Estrela de Belém’. Fenómeno que não ocorre há mais de 800 anos será visível no dia 21

Este ano, um acontecimento astronómico raro será observável a partir da Terra: Júpiter e Saturno vão alinhar-se e aparecer no céu, à noite, como um único ponto brilhante, refletindo a luz do Sol. O fenómeno, único nos últimos 800 anos, será visível na noite do dia 21 de dezembro. Apesar de poder ser visto a olho nu, quem quiser aproveitar melhor o momento deverá usar uns binóculos.

O fenómeno reveste-se de grande significado histórico, nomeadamente nesta altura do ano, dado que diversos cientistas defendem que a ‘Estrela de Belém’ — que teria guiado os 3 reis magos — se tenha tratado de um fenómeno semelhante, sendo provável que esse fenómeno tenha sido ainda mais raro, resultante de uma conjunção tripla de Júpiter, Saturno e Vénus. Ao fenómeno do cruzamento entre pelo menos dois planetas, é dado o nome de conjunção planetária.

Quem deixar fugir esta oportunidade só terá oportunidade de ver uma conjunção destes dois planetas daqui a 60 anos, até lá o fenómeno repete-se mas não será visível. Júpiter e Saturno são os dois maiores planetas do sistema solar, e, por isso, chama-se “grande conjunção” ao cruzamento dos destes corpos celestes.

O alinhamento entre Júpiter e Saturno deste ano será o mais próximo entre os dois planetas desde há 400 anos, como divulgou a NASA.

Júpiter e Saturno cruzam-se relativamente ao nosso planeta a cada 20 anos, um fenómeno relativamente frequente à escala, mas nunca, desde o século 17, estiveram tão perto entre si. Para além disso, ao que tudo indica, será a primeira vez em 800 anos que este fenómeno é visível no céu noturno.

Em declarações ao The New York Times, Amy C. Oliver, porta-voz do Center for Astrophysics, Harvard & Smithsonian, explicou: “14 anos depois de Galileu ter construído o seu primeiro telescópio, esta conjunção esteve visível, mas na altura era quase impossível de ser observada a partir da Terra, porque estava 13 graus afastada do Sol”.

Em declarações ao jornal brasileiro O Globo, Felipe Navarete, investigador do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP esclareceu que este fenómeno, com esta proximidade, “ocorre a cada 400 e poucos anos. Século 13, século 17 e agora 21. Encontros semelhantes podem acontecer mais frequentemente, mas as máximas aproximações no céu são bem raras e demoram mais tempo para ocorrer.”

Este ano, durante o solstício de inverno, a distância mínima raramente efetivada terá o seu pico no dia 21 de dezembro.