Aleac promove audiência pública para tratar sobre dificuldade de acesso a boletim de pacientes internados no INTO

Na manhã desta sexta-feira (11), a Comissão de Saúde Pública da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) promoveu uma audiência pública para debater sobre a conduta dos profissionais que atuam no Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Acre (INTO), e os cuidados com os pacientes internados no Hospital.

Dentre os questionamentos levantados foi abordada a dificuldade de receber informações sobre o quadro de saúde de pessoas que estão internadas por seus respectivos familiares, também o impedimento da entrada de médicos que acompanhavam os doentes antes que eles dessem entrada no INTO. A Medial, empresa que administra a unidade, é acusada de dificultar o acesso ao boletim médico de quem está sendo tratado no local.

O deputado Jenilson Leite (PSB), que foi um dos propositores da audiência pública, falou sobre as denúncias que tanto ele como vários outros parlamentares têm recebido de familiares que não conseguem ter acesso ao boletim médico de parentes internados. Ele pede que medidas sejam tomadas para que essa situação seja revertida o quanto antes.

“Isso causa um desgaste e preocupação ainda maiores para os familiares, que ficam aflitos sem receber notícias de seus entes queridos. O diálogo entre médicos e familiares tem sido muito falho no INTO. Queremos ouvir do secretário de Saúde o que pode ser feito para modificar essa situação. A dificuldade de acesso de médicos ao interior do Instituto também é um problema a ser resolvido, muitas vezes o médico acompanha o paciente e logo após ele ser internado, esse profissional perde praticamente todo o contato com essa pessoa”, alegou o parlamentar.

O secretário de Saúde do Estado, Alysson Bestene, falou sobre a capacidade de atendimento do INTO e a atual situação do Hospital devido a uma possível segunda onda de infectados pela Covid-19. Ele frisou ainda que o governo está promovendo ajustes no atendimento a familiares que buscam informações de parentes internados.

“Temos uma capacidade de 40 leitos de UTI, com a atual ocupação de 30 pacientes internados e 83 pacientes nas enfermarias. Essa média de internações aumentou muito nos últimos 15 dias, por isso estão sendo feitas adaptações a fim de melhorar o atendimento a familiares que buscam informações. Sempre tivemos o cuidado de atender a todos os chamados e a equipe de assistência social está colaborando nisso”, pontuou.

Hilton Picocelli, que participou da audiência pública representando a empresa Medial, responsável por administrar o INTO, falou sobre as restrições impostas pelos hospitais de campanha, até mesmo como medida para evitar novas infecções. Disse ainda que novos mecanismos estão sendo adotados para manter os familiares de internados mais bem informados.

“A falta de informações realmente gera um nível alto de ansiedade, baseado nessa problemática, instituímos uma rotina que já vem sendo praticada pelas equipes do INTO: É feita uma ligação ao dia, onde se passa a situação clínica do internado, a pessoa que recebe essa informação é escolhida pelo paciente no momento em que ele é acolhido pela unidade. Também instituímos a vídeo chamada para que os doentes que têm condições para tal, possam ter mais contato com seus familiares”, pontuou.

Picocelli acrescentou que em virtude da elevação da busca por atendimento e internações, os serviços de enfermagem e assistência social do INTO foram desmembrados e foi criada uma sala de comunicação, onde assistentes sociais e psicólogos irão atender familiares que buscam por informações das pessoas que estão internadas.

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM/AC), Dr. Virgílio Prado, defende que seja feita uma flexibilização para que familiares recebam o boletim de pacientes internados no INTO. Outro ponto defendido por ele, é que os médicos que estavam acompanhando o doente antes que o mesmo fosse internado, tenham acesso assegurado pelo Hospital, o que não vem ocorrendo.

“A entrada de outros médicos ao INTO precisa ser permitida, até mesmo por uma questão humanitária. Se esse profissional é de confiança da família, conhece e tem o histórico do paciente, ele precisa ter acesso ao boletim do mesmo. Como se trata de uma doença que evolui muito rapidamente, é necessário também que o boletim não seja passado somente uma vez a cada 24 horas. Tudo isso precisa ser flexibilizado”, defendeu.

Participaram da audiência, representantes do Ministério Público Estadual, CRM, Sindicato dos Médicos e Sindicato dos Enfermeiros do Acre, Sesacre, Medial, familiares de pessoas que estão internadas no INTO e deputados estaduais.