Acre encerra ano de pandemia com a 4ª menor média de médicos do Brasil

Demografia Médica de 2020 apresentou crescimento de 40% nos últimos anos, porém, ainda está abaixo da média nacional, que é de dois profissionais por cada mil habitantes. A taxa do Acre é de 1,20.

O Acre encerra o ano de 2020 com 1.058 médicos, segundo dados da Demografia Médica de 2020, divulgados pelo Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC), nessa terça-feira (8). Esse número de profissionais coloca o estado com a quarta menor taxa do país, 1, 20 profissionais para cada mil habitantes.

O estado ficou atrás apenas do Pará, com 1,07 médico por mil habitantes; Maranhão (1,08) e Amapá (1,19). O Distrito Federal aparece em primeiro, com 5,11 médicos por mil habitantes, seguido pelo Rio de Janeiro, com 3,70, e São Paulo, com 3,20. A média nacional é de 2,4 profissionais para cada mil habitantes.

O estudo Demografia Médica no Brasil 2020 é resultado de uma colaboração entre o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Universidade de São Paulo (USP).

Os dados apontam que o estado tem hoje 40% a mais de médicos que tinha há nove anos. Em 2011, eram 755 profissionais, com uma média de 1,03 profissionais para cada mil habitantes. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado tem uma população estimada de 894.470 habitantes neste ano.

Apesar do aumento registrado nos últimos anos, o número ainda não é o ideal, segundo pontua a presidente do CRM-AC, Leuda Davalos. Ela diz que a má distribuição dos profissionais ainda é um problema.

“Nós estamos abaixo da média nacional, na quarta posição. Temos um crescimento que a gente pode observar nos números, é lento, mas temos. Vimos que também cresceu o número de especialistas, isso nos anima. Mas, estamos abaixo do ideal. A gente vê que têm médicos, mas estão mal distribuídos, concentrados em uma região maior que tem melhores condições de trabalho”, diz.

Mais profissionais homens que mulheres
O levantamento aponta ainda que os homens são maioria entre os médicos em atividade no Acre. Segundo os dados, os homens representam atualmente 60% da população de médicos no Estado e as mulheres 40%. Em 2011, a taxa de médicas era de 36% e de médicos 64%.

“A gente pode observar nessa pesquisa que eles estão concentrados nas grandes cidades, nos lugares onde têm as melhores condições de trabalho, tanto que aqui a maioria está na capital. Então, é uma disparidade muito grande”, complementa.

O estudo mostra que a maioria dos profissionais está concentrada na capital acreana, com 811 ao todo, o que representa 77% dos profissionais. Os outros 247 estão distribuídos nas outras 21 cidades do Estado.

Com a concentração em Rio Branco, a média de profissional a cada mil habitantes é de 1,99, um pouco maior que a do estado. Porém, mesmo assim, os dados colocam Rio Branco como a segunda capital com a menor taxa de profissionais do país, ficando atrás apenas de Macapá (AP) que tem média de 1,77.

Leuda falou ainda que fica o desafio para os gestores em buscar políticas de fixação dos médicos e todo o sistema de saúde para garantir melhor atendimento à população. “É o sistema de saúde como um todo, porque a gente precisa de condições de trabalho não só para o médico, mas para a equipe como um todo. A gente precisa de estrutura física, equipe multiprofissional, especialista, medicação, leitos de UTI, a gente precisa de uma infinidade de coisas para dar atendimento de qualidade à população.”

G1