Sem debate, candidata Socorro Neri é entrevistada na Rede Amazônica Acre

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Socorro Neri (PSB) respondeu a perguntas e apresentou propostas. Debate foi substituído por entrevista ao vivo após Tião Bocalom (PP) desistir de participar.

A candidata à Prefeitura de Rio Branco Socorro Neri (PSB) foi entrevistada na noite desta sexta-feira (27) na Rede Amazônica Acre. O debate que ocorreria foi substituído por perguntas em razão da desistência do candidato Tião Bocalom (PP).

A desistência de Bocalom foi informada em nota assinada pelo coordenador-geral de campanha, Arthur Neto. A nota diz que “durante o primeiro turno, o candidato participou de todos os debates, seis ao todo, em diversas plataformas de comunicação, onde apresentou nossas propostas, falou de sua premiada experiência na gestão pública e debateu os mais variados temas com todos os outros seis candidatos.”

A substituição do debate pela entrevista estava prevista nas regras assinadas pelos representantes dos dois candidatos.

Durante 20 minutos, a candidata respondeu perguntas sobre o abastecimento de água na capital acreana, fiscalização para evitar a proliferação dos casos de Covid-19, transporte público, malha viária, educação e outros.

Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Tião Bocalom teve 87.987 votos (49,58% dos votos), ante 40.250 de Socorro Neri – o que representa 22,68% dos votos. A eleição em Rio Branco teve 27,23% de abstenção, 1,80% votos brancos e 3,18% votos nulos. A votação em segundo turno será realizada no domingo 29).

De acordo com as regras, a candidata podia fazer duas perguntas que faria ao candidato Tião Bocalom (PP), mas não poderia responder nenhuma delas.

Confira as perguntas feitas à candidata

Entrevistador: Candidata, a senhora está há dois anos administrando Rio Branco. Foi eleita em uma chapa encabeçada pelo PT. Agora, se aliou ao governador Gladson Cameli, que é declaradamente de direita. O que mudou?

Socorro Neri: Continuo sendo a mesma que era antes, continuo defendendo as mesmas convicções, continuo a mesma servidora pública que sou há 37 anos, que serve ao público e me dedico à construção do bem coletivo. Alianças políticas existem e têm objetivos claros. Nesse caso específico, o governador e eu nos aproximamos na pandemia, desenvolvemos afinidades, trocando divergências e estamos trabalhando e buscando integrar as ações da prefeitura, de forma a integrar e fazer mais pela nossa cidade.

Entrevistador: No primeiro turno tínhamos sete candidatos, a senhora passou para o segundo turno, mas não conseguiu o apoio oficial de nenhuma outra candidatura. Qual foi a dificuldade para fazer composições nesta etapa do processo eleitoral?

Socorro Neri: No primeiro turno estava muito claro que os candidatos estavam, todos eles, alinhados, buscando atuar em conjunto para tentar me desestabilizar com uma rede de ódio, rede de mentiras e, de forma alguma, ocorreu no segundo turno essa possibilidade. O que acontece, realmente, é que esse ajuntamento de políticos tradicionais, chamado caciques da nossa cidade, tem o objetivo claro de usar a prefeitura como trampolim, como moeda de troca para eleições de 2022, e todos sabem que comigo não tem negociata, não tem jeitinho, nem privilégios ou favorecimento. Busco trabalhar e tenho feito isso nesses dois anos e tenho mostrado que de forma clara meu compromisso é com a população e melhoria da nossa cidade.

Entrevistador: Durante toda a campanha eleitoral surgiu a discussão sobre a necessidade de o município voltar a ser responsável pela distribuição de água e tratamento de esgoto. A senhora já falou que a prefeitura não tem como arcar com essa despesa, mas a senhora concorda que a crise no abastecimento de água que atinge toda a população de Rio Branco é grave e que por lei o município tem essa obrigação. A senhora mudou ou continua com o mesmo pensamento?

Socorro Neri: É constitucional que cabe ao município os serviços de água, abastecimento e esgoto. Mas, é constitucional também que se o município fizer, de forma pactuada com o Estado como fez em 2012, o Estado pode também fazer gestão desses serviços. De 2012 para cá, é preciso que se olhe o que estado fez no município de Rio Branco em termo de investimento no serviço de abastecimento e esgoto. De fato, esse é um problema gravíssimo que temos hoje, é um dos maiores desafios que temos na nossa cidade. Agora, não é colocando, de forma abrupta da noite para o dia, e devolvendo o sistema para gestão para a prefeitura, que nós vamos melhorar esse problema, resolver e em enfrentá-lo, buscando melhorar para oferecer serviço de melhor qualidade para a nossa população. Eu sou tão incomodada com essa situação quanto todos os outros moradores da nossa cidade. Agora tenho dito, a forma de solucionar não é privatizando, estatizando, como segurei isso e não permite isso, é em uma gestão compartilhada do estado com a prefeitura, de forma que a prefeitura possa ir, aos poucos, assumindo o sistema e junto fazer os melhoramentos necessários.

Entrevistador: De que forma poderia ser feita essa gestão compartilhada?

Socorro Neri: Vou lhe dar um exemplo. Tenho uma informação não oficial de que, até outubro, o sistema de água e esgoto, por meio do Depasa, arrecadou R$ 38 milhões do pagamento dos usuários. Mas, o Estado teve que investir no Depasa mais de R$ 59 milhões do Tesouro Estadual. Imagina se a prefeitura daria conta de assumir isso da noite para o dia, de uma vez só? Seria preciso fazer um plano de trabalho conjunto de modo que a responsabilidade do Estado também seja mantida com a capital, com a população, e os dois, Estado e prefeitura possam fazer uma gestão profissional, séria e honesta, buscando enfrentar, de forma clara, captação de recursos para os investimentos necessários, além, claro, da manutenção adequada que a cidade inteira está clamando.

Entrevistador: Estamos vivendo uma pandemia, candidata, sei que a prefeitura tomou algumas ações, em parceria com o governo, para tentar conter a doença, mas a senhora não acha que poderia haver uma fiscalização mais eficiente para tentar evitar aglomerações e medidas de controle? Aqui na capital os casos explodiram nos últimos dias. Hoje [sexta-feira, 27], foram registrados 452 novos casos. As aulas no ensino infantil devem continuar de forma remota até que haja vacinação contra a Covid-19?

Socorro Neri: Fizemos fiscalização sim, você lembra muito bem. A população lembra do nosso compromisso para enfrentar a pandemia de frente com a responsabilidade que cabia a mim, como prefeita, e ao governador, com toda estrutura do estado e prefeitura. Houve todo trabalho de assistência, de trabalho integrado, as unidades básicas de saúde entraram também no atendimento, implantamos uma Urap ali na Sobral, a Maria Barroso, que, inclusive, continua com o atendimento durante os finais de semana; implantamos o teleatendimento e fizemos a fiscalização devida, orientando, notificando quando foi necessário, enfrentando de frente pela responsabilidade que temos. Agora, é evidente, que se a população não participar, não entender também como necessário o distanciamento, as medidas de proteção, não há governo nenhum que vá dar conta de uma tarefa grandiosa como essa.

Entrevistador: De qualquer forma, existiu sim, deixou a desejar a fiscalização porque, infelizmente, se vê em várias regiões aglomeração, tem a questão do uso de máscara que não existe nenhum tipo de multa, pessoas que não obedecem esse tipo de medida.

Entrevistador: A senhora fez um questionamento ao outro candidato no início da entrevista e quero aproveitar isso. Aulas do ensino infantil deve continuar de forma remota até que haja a vacinação contra a Covid-19?

Socorro Neri: Estamos trabalhando em um plano desde o início da pandemia, criamos, inclusive, um portal da educação, oferecendo atividades lúdicas, atividades educativas de modo que, mesmo à distância, continuar colaborando, contribuindo e cumprindo nosso dever de apoiar o desenvolvimento de atividades cognitivas de nosso estudante do ensino infantil e até o 5º ano do ensino fundamental da rede municipal. Agora, estamos trabalhando no plano buscando integrar o ano levito de 2020 ao ano letivo de 2021 em ciclos do sistema híbrido. Agora, evidente que tudo isso caminha passo a passos com os indicadores da pandemia. Não podemos colocar nenhuma criança em risco, não podemos colocar os trabalhadores da educação, que são do grupo de risco, que têm uma idade mais avançada, e nem deixar que as crianças levem para suas residências, para parentes idosos e com doenças crônicas. Há um cuidado, uma cautela muito grande que temos tratado essa questão e vamos continuar tratando. Acompanhando passo a passo os indicadores na nossa cidade e ao mesmo tempo trabalhando o fortalecimento agora das atividades remotas das nossas crianças e ao mesmo tempo também o planejamento para 2021.

Entrevistador: Na Educação, é inegável os avanços nos últimos anos Rio Branco tem se mantido como uma das melhores avaliadas entre as capitais brasileiras, mas não consegue resolver a questão da falta de vagas em creches. Isso afeta, principalmente, famílias pobres, de pais que precisam trabalhar e não tem com quem deixar os filhos. Como mudar esse quadro?

Socorro Neri: Esse é um desafio no país inteiro, a educação infantil precisa avançar em termos de quantidade de vagas a serem ofertadas. Aqui em Rio Branco nós temos a segunda melhor abrangência de vagas em educação infantil da região norte, que são 18% das crianças atendidas, nós vamos enfrentar esse problema e todos que sabem, que me conhecem, sabem que eu já tenho clareza a respeito disso, quando eu assumo uma posição é porque vai ser possível ser realizado. Nós vamos criar, já em 2021, 870 novas vagas na rede municipal, nós vamos criar condições de fazer parcerias com entidades buscando aumentar essa oferta de vagas em creches à medida em que eu compreendo que a etapa mais importante da educação escolar é a educação infantil.

Entrevistador: Rio Branco tem um desafio muito grande em relação a moradia. O déficit é muito grande, as construções irregulares estão por toda parte. No seu plano de governo tem a proposta do programa morar melhor. Como funcionaria esse programa?

Socorro Neri: Recentemente, o governo federal lançou um programa chamado Casa Amarela, de modo que há uma linha de financiamento público, uma linha de apoio público para que o município ou o estado possam voltar a fazer ações mais concretas, mais abrangentes. Na minha gestão eu entreguei 90 casas ali no Santo Afonso, eram casas que estavam sendo construídas e tive esse trabalho de fazer a entrega para essas famílias. Eu vi o quanto é importante, o quanto uma família recebe uma casa de fato como algo que lhe dá expectativa positiva para o futuro. Nós temos condições também e vamos fazer isso, de trabalhar com lotes urbanizados, o município tem, inclusive, várias áreas que nós podemos urbanizar lotes e fazer também o trabalho para a nossa população apoiando a moradia popular.

Entrevistador: Em relação a mobilidade e transporte público, outros grandes problemas da capital acreana. Quanto a malha viária, como resolver a questão dos buracos e ruas intrafegáveis, principalmente, nas periferias da cidade?

Socorro Neri: Esses dois anos, Jefson, você e a população sabem o quanto nós enfrentamos esse desafio de frente, nós fizemos já de 2018 para cá muitos bairros, muitas ruas em situação intrafegável, ruas que nunca tinham recebido pavimentação e receberam. Nós fizemos, só neste ano de 2020, 998 recuperação ou pavimentação de ruas aqui em Rio Branco e é evidente que essas ruas não estão no Centro da cidade, elas estão nos bairros da nossa cidade, e fizemos isso como? Economizando recursos próprios da prefeitura, de modo a chegar a esse serviço economizando com combustível, com aluguel de imóveis, com aluguel de veículos, fazendo a reforma administrativa, conseguindo recursos próprios para que a prefeitura pudesse fazer o que está fazendo hoje em todas as regionais da nossa cidade e também na área rural.

Entrevistador: O transporte público é uma das maiores reclamações da comunidade, ônibus velhos, sujos e a demora. O que a senhora propõe de diferença para que este serviço melhore?

Socorro Neri: Eu tenho dito que de forma urgente precisamos fazer a questão do financiamento do transporte público, não dá para a gente continuar fazendo como grande parte das capitais brasileiras fazem, mantendo o financiamento na conta de quem paga a tarifa, esse sistema precisa ser renovado, nós estamos, inclusive Jefson, apontando, já fizemos duas etapas do que nós pensamos e planejamos melhorar o transporte coletivo em Rio Branco. Quem mora na regional ali do Tucumã e na parte alta da cidade que utilizam os terminais de integração do Adalberto Sena e do Tucumã sabe o que eu estou falando, nós mudamos o sistema do sistema radial para o sistema tronco-alimentado, esse sistema reduz o tempo de espera, melhora o conforto, porque são ônibus grandes, com ar-condicionado. Essa inovação que nós queremos fazer na cidade inteira e vamos também encaminhar em breve à Câmara Municipal a criação de um Fundo Municipal para subsidiar o transporte coletivo.”

Entrevistador: Rio Branco é uma cidade que precisa gerar empregos e renda. A prefeitura deve suspender o IPTU de novas empresas no primeiro ano para incentivar os pequenos negócios?

Socorro Neri: No que se refere à questão tributária há uma discussão no Congresso Nacional com vários projetos de modo que é uma discussão que vem do Congresso Nacional e que os municípios vão precisar fica atentos, como estão. Portanto, não há como a gente prever o que vai acontecer ano que vem, porque depende dessa medida nacional. Agora, no que se refere à geração de emprego e renda, a capacidade de uma capital como Rio Branco ainda dependente das transferências constitucionais, para fazer um amplo programa de geração de emprego e renda, é muito reduzida. Não vou aproveitar eleição para vender esperança, enganar e criar ilusões para ninguém, mas o que temos feito, com muita dedicação, é criado situações para desburocratizar, para apoiar as empresas, inclusive agora durante a pandemia, para fazer todo esse trabalho de gerar economia e novos postos de trabalho para construção civil, como temos feito, com as obras da prefeitura e também as vagas para as políticas públicas. O que vamos fazer além disso? Vamos continuar buscando o diálogo com a classe trabalhadora, continuar apoiando as ações de quem já está implantado em Rio Branco e buscando a estrutura necessária para que aqueles que não estão, mas querem investir, possam vir investir em nossa cidade, uma cidade melhor estruturada em matéria de infraestrutura, iluminação pública e quem sabe também de segurança pública, porque são elementos que levam a atrair novos investimentos.

Entrevistador: Os produtores rurais de Rio Branco enfrentam os ramais de difícil acesso e de apoio técnico pra aumentar os cultivos e conseguir escoar pra cidade. De que forma a senhora pensa resolver essa questão?

Socorro Neri: Temos dito um olhar também de enfrentar. É tanto que há os desafios, há as comunidades aqui de Rio Branco, que nesses dois anos, receberam melhoramento como o Quixadá, Benfica, Catuaba, Barro Alto, Barro Vermelho e outros, que receberam melhorando que vão garantir trafegabilidade de inverno a verão. Agora, temos feito também o apoio à mecanização, o apoio ao escoamento da produção, o apoio da comercialização, a assistência técnica. Agora, o que é evidente é que essas ações precisam ser fortalecidas e é o que vamos fazer agora que a prefeitura está enxuta, organizada e em condições melhores. Eu busquei, inclusive, o apoio da Emater, ano passado, para fazer uma parceira com a Secretaria de Agricultura, de modo a fazer uma assistência técnica mais abrangente. Mas, isso, infelizmente, não foi possível. O presidente, à época, da Emater, o candidato Bocalom, não demonstrou interesse, planejamento e disse à minha equipe, no início de setembro de 2019, que o ano já havia acabado, que não havia nada a ser feito. Deu um banho de água fria na minha equipe. Mas, nós não desistimos, sou muito determinada, vamos continuar melhorando a vida de quem produz em nosso município.

G1

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