Quase 90% da população do Amapá – cerca de 765 mil pessoas – está sem energia elétrica desde terça-feira (3), após um incêndio na mais importante subestação do estado, que fica na Zona Norte de Macapá e alimenta 13 das 16 cidades do estado.
Só os municípios de Oiapoque, no extremo Norte, e Laranjal do Jari e Vitória do Jari, no extremo Sul, têm energia, pois são alimentados por sistemas isolados.
Apagão no Amapá — Foto: Rede Amazônica/Reprodução
Na noite de terça-feira (3), enquanto ocorria uma tempestade em Macapá, uma explosão seguida de incêndio comprometeu os três transformadores de uma subestação da Zona Norte, segundo o Ministério de Minas e Energia.
O fogo danificou um transformador e atingiu os outros dois — um deles já estava inoperante por causa de uma manutenção realizada desde dezembro de 2019. E Segundo o Ministério de Minas e Energia, o transformador que estava em manutenção ainda pode ser recuperado, enquanto os outros dois serão ncessários serem trocados.
A causa do incêndio ainda não é conhecida. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsável por monitorar o fornecimento de energia em todo o Brasil, abriu uma investigação com prazo de 30 dias para apurar as causas e responsabilidades.
Para especialistas, o sistema elétrico do Amapá não tem um plano de segurança ou “backup”.
A queda de energia afetou também o sistema hidráulico do estado. Falta água encanada, água mineral e gelo.
Sem energia, internet e serviços de telefonia também foram atingidos — a maioria parou de funcionar.
Caixas eletrônicos e máquinas de cartão, que precisam de carregamento elétrico, também pararam de funcionar, o que faz com que as pessoas não consigam fazer compras.
Bombas de postos de gasolina também pararam de funcionar sem energia. Só estão operantes os postos que têm gerador próprio (antes com horário reduzido por causa da pandemia, eles agora podem funcionar 24h).
Aos poucos vem sendo restabelecida a energia, e com isso se iniciará o sistema de rodízios nas 13 cidades atingidas pelo apagão.
Neste domingo (8) foi divulgado o cronograma de rodízio de fornecimento de energia elétrica nas 13 cidades do Amapá atingidas pelo apagão que vem se prolongando desde a terça-feira (3). A alternância no serviço acontece até a conclusão do restabelecimento total no estado, previsto pelo Ministério de Minas e Energia para o próximo fim de semana, sem dia ainda definido.
A divisão foi feita pela Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) e o sistema funciona com duração de pelo menos 6 horas para cada região, porque, segundo a CEA, só cerca de 65% da capacidade do sistema elétrico foi restabelecida.
Bairros e regiões no entorno de hospitais e de serviços essenciais em Macapá e Santana vão ter o fornecimento mantido 24 horas.
. O domingo (8) é marcado pelo reinício da rotina de moradores e comerciantes. Feiras começaram a reabrir em Macapá e muitos empresários relatam perda de produtos, principalmente os mais perecíveis. O Amapá recebeu na madrugada deste domingo (8) do governo federal mais dois geradores que são utilizados para fornecimento de energia. Os equipamentos foram transportados pela aeronave KC-390 Millennium e, segundo o governo, serão usados para reativar o abastecimento de água tratada no município de Santana, segunda maior cidade do estado, com cerca de 100 mil habitantes.
Em meio à incerteza sobre o retorno da eletricidade e sem o cronograma de fornecimento por bairros e municípios, a noite de sábado (7) e a madrugada deste domingo (8) foi marcada por vários protestos de moradores em Macapá e Santana, com queima de pneus e gritos de ordem.
Foram registrados atos em vários bairros, com maior volume na BR-210 em frente aos bairros Açaí e Boné Azul, na Zona Norte, onde, em meio à escuridão, o trânsito foi interrompido e muitos motoristas tiveram que retornar na contramão.
Houve atos também na Avenida José Tupinambá, no bairro Jesus de Nazaré, que dá acesso ao aeroporto de Macapá, e na Avenida Beira Rio, na orla da capital.
Em Santana, os protestos se concentraram em diversos bairros, com queima de madeira e pneus e reivindicações de moradores.
A Justiça Federal determinou neste sábado (7) o prazo de três dias para que o apagão no Amapá seja completamente solucionado, sob pena de multa de R$ 15 milhões.
No documento, assinado pelo juiz João Bosco Costa Soares da Silva, também fica decidido que a empresa privada responsável pela administração da subestação, deve apresentar em até 12 horas um plano de ações para o restabelecimento de serviço de energia elétrica e que deve receber sanções contratuais.
Além disso, foi ordenada a instauração de um inquérito do Tribunal de Contas da União (TCU) e Polícia Federal (PF) para apurar o caso. Além da criação de um grupo de trabalho com o Ministério das Minas e Energia, Eletronorte, Isolux e CEA.