Segundo dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a crise provocada pelo novo coronavírus fez com que o setor do turismo perdesse aproximadamente 49,9 mil estabelecimentos com vínculos empregatícios entre março e agosto. De acordo com João Bosco Nunes, coordenador de Turismo do Sistema Fecomércio-Sesc-Senac/AC, os dados refletiriam exatamente uma abrupta e imensa perda do que consideraria a maior indústria do mundo em apenas um semestre.
A CNC informou que o saldo negativo no período equivaleria a 16,7% do número de unidades ofertantes de serviços turísticos verificados antes da pandemia. Além disso, o surto de covid-19 teria afetado estabelecimentos de todos os portes, mas os que mais sofreram perdas foram os micro (-29,2 mil) e pequenos (-19,1 mil) negócios. Regionalmente, todas as unidades da Federação registraram redução do número de unidades ofertantes de serviços turísticos, com maior incidência em São Paulo (-15,2 mil), Minas Gerais (-5,4 mil), Rio de Janeiro (-4,5 mil) e Paraná (-3,8 mil).
Nunes relembrou ainda que, segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), até o ano passado, a cadeia produtiva do turismo representava 10% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, algo em torno de 15 trilhões de dólares americanos e, por isso, é tempo de reinventar. “Fazermos todos juntos do turismo doméstico o grande motor propulsor para acolhermos esta imensa demanda reprimida que já se inicia”
O Sistema Fecomércio-Sesc-Senac/AC, ainda de acordo com o coordenador, deve focar na oferta a curto prazo de produtos turísticos regionais bem acessíveis ao bolso do viajante, como o Centro de Turismo e Lazer do Sesc em Cruzeiro do Sul e atrativos no entorno do Juruá. “Oferecendo uma oportunidade única e exótica do viajante degustar um turismo de lazer, histórico, cultural, ecológico, vivencial e de experiência”.
Carlos Simão Neto, presidente no Acre da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH/Acre), informou que o número de funcionários caiu aproximadamente 53% entre 2019 e 2020, após pesquisa junto a seis hotéis da capital acreana. “Com a vacina, acreditamos numa volta de ocupação com crescimento de 40%, mas a performance que obtivemos em 2019 – acima de 54% de ocupação – devemos alcançar em 2022”, explicou.
Simão reiterou ainda que, além da vacina, há a necessidade de recuperação do mercado corporativo com um todo. “65% da ocupação dos hotéis em nossa cidade é fruto do turismo corporativo e não o turismo de lazer. Outro ponto importante é a retomada da malha aérea que tínhamos antes e que foi reduzida drasticamente, isso também influencia muito na ocupação; por último, a reabertura das fronteiras com os países vizinhos. O fluxo não é grande, mas ajuda a incrementar a receita dos hotéis, principalmente em datas comemorativas, feriados prolongados, férias e eventos da capital”, disse.
De acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a maior parte das atividades que compõem o turismo brasileiro segue ainda sem perspectiva de recuperação significativa nos próximos meses, principalmente em virtude do caráter não essencial do consumo destes serviços. “A aversão de consumidores e empresas à demanda, somada ao rígido protocolo que envolve a prestação de serviços desta natureza, tende a retardar a retomada do setor”, ressalta Tadros. Até o fim de 2020, a Confederação projeta um saldo negativo de 42,7 mil estabelecimentos.