Outra sugestão prevê a criação de brigadas nas propriedades rurais, principalmente nas que circundam áreas de preservação
Em uma audiência virtual marcada por relatos emocionados dos profissionais que estão resgatando e cuidando de animais atingidos pelo fogo no Pantanal, os deputados da Comissão Externa da Câmara que acompanha as ações relacionadas ao combate às queimadas ouviram nesta sexta-feira (9) sugestões simples, mas efetivas, como a criação de um “Samu silvestre”.
Cristina Adania, da equipe da Associação Mata Ciliar no Pantanal, voluntária que saiu de São Paulo para resgatar animais em Mato Grosso, teve dificuldade para completar a fala ao narrar um pouco do que viu. “Varas de queixada (porco-do-mato) que fogem de um lado e sabem por onde ir porque tem um tanque, tentam fugir, mas são queimadas ou intoxicadas”, lamentou.
Ela também citou o caso de uma onça encontrada morta por um barqueiro. “Num local completamente incendiado, mas ela estava íntegra. Ela estava tentando escapar, mas a intoxicação é muito grande”, relatou.
Cristina foi uma das pessoas que sugeriu o uso de ambulatórios móveis para facilitar o trabalho de resgate dos animais por conta das distâncias que precisam ser percorridas na região. Ela também defendeu a aquisição de outros carros para transporte adequado dos animais em caixas de contenção. “O número de animais mortos foi muito grande. E aí fica: o que que nós vamos fazer na prática em relação ao salvamento?”, indagou.
Para o secretário-executivo do Comitê Estadual de Gestão do Fogo em Mato Grosso, coronel Paulo Barroso, é preciso ter estruturas permanentes de apoio como brigadas nas propriedades rurais, principalmente nas que circundam áreas de preservação; “samus silvestres” terrestres e embarcados; e, sobretudo, dinheiro.
Ele disse que participa de um grupo dos corpos de bombeiros militares que já elaborou um modelo de sistema de proteção contra incêndios florestais para a Amazônia Legal e está elaborando um para o Pantanal. Segundo Paulo Barroso, o governo federal já teria mostrado interesse no sistema que custaria R$ 1,6 bilhão em 5 anos no caso da Amazônia.
No Mato Grosso, a equipe do coronel conseguiu distribuir 65 toneladas de alimentos para os animais e resgatar 128 vítimas. Mas ele lembrou que o Pantanal tem 195 mil quilômetros quadrados e a atenção tem sido prestada onde os voluntários conseguem acessar, cerca de 58 quilômetros quadrados. “Isso corresponde a 0,29% de tudo o que está queimando até agora. Então tudo isso que a gente está fazendo é quase nada em relação ao todo.”
Fonte: Agência Câmara de Notícias