Dupla acusada de atirar em policial penal e deixá-lo cego é condenada a 43 anos de prisão

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Julgamento ocorreu nessa terça-feira (29) na 1ª Vara do Tribunal do Júri. Emerson Gomes Marques e Francisco de Assis Gomes de Souza foram condenados pelo crime de tentativa de homicídio.

Emerson Gomes Marques e Francisco de Assis Gomes de Souza foram condenados a penas que somadas chegam a mais 43 anos pela tentativa de homicídio contra o policial penal Paulo Oliveira, em junho de 2017, com um tiro no rosto durante uma emboscada.

O julgamento começou por volta das 8h30 dessa terça-feira (29) na 1ª Vara do Tribunal do Júri e terminou às 15h. O advogado dos dois condenados, Patrich Leite, informou que recorreu da sentença ainda no final do júri.

Além dos dois réus e da vítima, seis testemunhas foram ser ouvidas durante o julgamento. Conforme o Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC), Marques foi condenado a 16 anos, 05 meses e 19 dias e Souza a 27 anos, 05 meses e 12 dias, os dois em regime inicialmente fechado. Souza teve a pena maior por ser reincidente.

O crime ocorreu no bairro Taquari, na região do Segundo Distrito de Rio Branco. Na época, a Associação dos Servidores do Sistema Penitenciário do Acre (Asspen) informou que um dos suspeitos era conhecido de Oliveira e que chegou na casa dele, na Cidade do Povo, pedindo que o levasse a um determinado local.

Ao chegarem no bairro Taquari, o criminoso mandou que o agente descesse do carro e atirou contra ele na frente do filho de três anos. A criança não ficou ferida. Por conta do tiro que levou no rosto, Oliveira perdeu completamente a visão dos dois olhos.

Vítima relembra o dia do crime

O policial penal Paulo Oliveira conversou com o G1 nesta quarta-feira (30) e contou em detalhes o que aconteceu na noite de 14 de junho de 2017.

Ele disse que, na verdade, nunca tinha visto o Marques e que conhecia o Souza porque ele era casado com sua ex-esposa, com quem tinha o filho que na época viu todo o crime. O policial acredita que Souza foi o mandante do crime.

No dia do crime, Marques chegou na casa do policial pedindo que ele o levasse para fora daquele bairro, porque estava correndo risco de morte. O suspeito disse que conhecia o filho do policial da casa de Souza e a criança reconheceu o homem.

Para tentar ajudar, a vítima pegou o carro da mãe e resolveu levar o homem para o bairro Taquari, como ele pediu. Ao chegar no local, eles desceram do carro e Marques já anunciou o que aconteceria.

“Ele falou ‘perdeu, safado’ e já colocou a arma na minha cara. Meu filho correu e parou do lado dele. Também teve uma senhora que estava na rua e pediu que ele não fizesse nada. Lembro que me virei na direção dessa mulher e disse para ela não se meter porque ele poderia atirar. E ele não deixou nem eu terminar de falar e largou o tiro na minha cara. Nessa hora, eu já parei de enxergar, fiquei em pé e meu filho aos gritos e o cara correu”, lembrou.

‘Fui o maior perdedor’

Sobre o tempo de condenação dos dois acusados, o policial disse que, no caso de Marques, não foi justa já que ele foi quem praticou o crime. Com relação a Francisco, Oliveira disse que foi mais justa.

“Ele [Marques] foi muito covarde, meu filho estava do lado dele e viu tudo, mas ele vai pagar, porque tudo que a gente planta nessa vida, a gente colhe. A Justiça da terra pode até ter sido falha em relação ao Emerson, mas ele vai pagar. Na verdade, se eles fossem condenados ou não para mim não ia importar mais nada, porque o maior perdedor dessa história fui eu. Fiquei cego para resto da vida, não tem reversão e amanhã mais cedo ou mais tarde eles estão soltos”, disse.

O policial contou ainda que precisou reaprender a fazer coisas simples de casa após a cegueira e lamentou o fato de não poder, por exemplo, jogar bola ou videogame com o filho.

“Tive que adaptar muitas das coisas que eu fazia em casa, reaprender a tomar banho, a tentar me barbear, ainda me corto algumas vezes. É muito complicado, tenho um filho hoje com seis anos que procura jogar videogame comigo e eu não posso, me chama para jogar futebol e eu não posso nada disso. A gente vive praticamente preso em casa”, contou.

G1

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