Acre é o estado com maior alta no número de feminicídios do país no 1º semestre, aponta estudo

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Monitor da Violência aponta que nos primeiros seis meses de 2020, 8 mulheres foram vítimas de feminicídio. Enquanto no ano anterior, foram registrados três feminicídios.

O Acre teve um aumento de 170% no número de mulheres assassinadas no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. É o que mostra um levantamento exclusivo feito pelo G1 com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal.

Os dados apontam que nos primeiros seis meses de 2020, oito mulheres foram vítimas de feminicídio no estado. Enquanto no ano anterior, foram registrados três casos. Esse tipo de crime ocorre quando as mulheres são mortas por conta do gênero.

O levantamento faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Em números absolutos, 18 mulheres foram mortas de forma violenta no estado neste primeiro semestre, de acordo com os dados do monitor.

Redução

Já os casos de lesão corporal no contexto de violência doméstica caíram 39% e os estupros de vulneráveis tiveram uma queda de 35% e 38%, respectivamente.

Além de ter ter registrado a maior alta do país, o estado também tem a maior taxa de feminicídios com 1,8 a cada 100 mil mulheres. É o triplo da taxa nacional, que é de 0,6 a cada 100 mil mulheres.

Em nota, a secretária Ana Paula Lima, responsável pela Secretaria de Assistência Social, dos Direitos Humanos e de Políticas para as Mulheres (SEASDHM), disse que a Diretoria de Políticas Públicas para Mulheres tem, desde 2019, feito ações em conjunto com o sistema de Justiça como forma de proteção aos direitos da mulher vítima de violência doméstica.

Entre as principais ações, a secretária destaca a criação do App Botão da Vida vinculado a Patrulha Maria da Penha que é específico às mulheres com medida protetiva deferida pela Vara de Proteção a Mulher de Rio Branco.

Outro ponto são as campanhas educativas como forma de disseminar a Lei Maria da Penha: Nenhuma Mulher a Menos, Um Homem a Mais para Apoiar.

Já para apoio, a secretaria informou que mantém atendimento multidisciplinar a mulheres vítimas violência doméstica e faz atendimento via WhatsApp a essas mulheres que são encaminhadas à rede de atendimento do estado.

“Como o Programa Maria da Penha Vai à Escola, que objetiva educar para prevenir e coibir a violência contra a mulher e promover e divulgar a Lei Maria da Penha nas escolas públicas no estado do Acre e readequação para Maria da Penha vai às Aldeias”, informou.

Além disso, também estão em fase de implantação a criação de três Casas da Mulher Brasileira, que tem como objetivo prestar assistência integral e humanizada às mulheres em situação de violência. Além disso, também é estudada a implantação do Núcleo Integrado de Atendimento a Mulher (NUIAM), que deve funcionar na delegacia da 4ª Regional de Rio Branco.

Subnotificação

O Acre também chama a atenção porque, mesmo sendo o estado com a maior alta de feminicídios, foi o que teve a maior queda nos registros de lesões corporais em contexto de violência doméstica: 38,6%.

Ou seja, segundo as especialistas, isso aponta que o estado teve uma alta subnotificação desses casos, já que eles teoricamente deviam seguir a mesma tendência das mortes.

O governo do estado afirma que: “durante o período de pandemia, as mulheres que já viviam relacionamentos abusivos ficaram mais tempo sozinhas com seu algoz e tensões diárias, como insegurança financeira, medo de contrair o vírus, desemprego e uso de bebidas alcoólicas são alguns dos fatores que agravaram as reações violentas nos lares”.

O governo admite ainda que “a redução dos serviços da rede de atendimento presencial e a falta de informação dos canais de denúncia também são fatores que fizeram com que as vítimas fossem impedidas de pedir socorro”.

Casos

Dos casos mais recentes registrados no estado está o da jovem Elziane Moura Gomes, de 27 anos, foi morta com um tiro na cabeça no seringal Novo Oriente, na zona rural de Feijó, no interior do Acre. O crime ocorreu na quinta-feira (4), mas a informação só chegou para a polícia no dia seguinte.

Em uma violência chocante, a chilena Karina Constanza Bobadilla Chat, de 22 anos, morta com mais de 20 facadas no dia 1º de fevereiro em Rio Branco. O crime ocorreu porque a vítima não aceitava um relacionamento com o suspeito. O acusado foi condenado a 23 anos e 11 meses de prisão em regime fechado, no início deste mês.

Em março deste ano, durante uma discussão, a jovem Katiane de Lima, de 23 anos, foi calada de forma brutal pelo companheiro dela com pelo menos três facadas, no pescoço, braço e costelas. Ela estava com o filho no colo na hora que foi assassinada no dia 25 daquele mês e os números continuaram subindo.

Outra morte violenta registrada neste ano é o da servidora pública Sara Araújo de Lima, de 38 anos, morta a tiros, no dia 13 de abril. O autor dos disparos foi o marido dela, Jorge Alberto Franco Filho. Eles já tinham se separado por ameaças do companheiro, Sara chegou a registrar queixa, mas os dois reataram e tudo acabou com os dois mortos.

G1

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