Em entrevista ao El Pais, jornal espanhol, o governador do Acre, Gladson Cameli, afirmou que não concorda com a prisão do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), que também foi afastado do cargo. Para Cameli, o afastamento e prisão de Witzel em caráter liminar representa o enfraquecimento da democracia.
Cameli afirmou que a prisão do governador Witzel, suspeito de participar de um amplo esquema de corrupção que envolveria principalmente a área da saúde, com desvios de recursos que seriam destinados ao combate à pandemia de covid-19, representa o enfraquecimento da instituição democrática de Direito.
“Vejo um claro enfraquecimento da democracia. Parece-me que a Constituição Federal não tem sido cumprida em seu direito. Nós, gestores, temos de fazer um juramento, em respeito à Constituição. Temos de honrá-lo. Mas parece que outros órgãos não estão cumprindo essas regras como deveriam”, afirmou Cameli ao jornal espanhol.
Quando questionado sobre o risco da decisão para o futuro, Cameli acrescentou: “A Justiça é soberana como qualquer outro poder é. Mas ela criou, sim, um mal-estar. Vivemos uma insegurança imensa. O que ocorreu com o Witzel pode ocorrer com todos nós governadores. Não estou discutindo se ele é culpado ou inocente. Mas a imagem que ficou perante a população é muito negativa. Não quero aqui que o Executivo passe por cima do Judiciário ou de um ministro do STJ. Espero que o governador possa dar suas respostas. Mas o que tem sido feito não é adequado. Prende agora para soltar daqui um tempo. Afasta por uns dias, para depois devolver o poder. Qual imagem fica para a sociedade. A pandemia nos deu lições difíceis. Vou te dar um exemplo, cheguei em um ponto que tive de chamar os órgãos de controle para dentro do Governo do Estado. Eu não mando na iniciativa privada que fez um aumento abusivo de preços em máscaras, respiradores, equipamentos de proteção. Tive de falar para os órgãos de controle: vocês compram que eu pago”, disse, frisando que o governador carioca possui direito ampla defesa.