A agente administrativa do Pronto-Socorro de Rio Branco, Noeli Juncundo Andrade, que foi denunciada após seus comentários em uma publicação à respeito da interrupção legal de gravidez, amparada pela lei, de uma criança de 10 anos que desde os seis era estuprada pelo tio, se manifestou em uma entrevista ao site G1AC.
Em seu comentário, a servidora pública disse que a menina teria gostado dos abusos sofridos pois “gozou durante 4 anos” antes de denunciar o caso.
“Não é julgamento, é opinião própria. Em 4 anos ela gostou, porque se calou, tanto a inocentinha que vocês falam como a família dela, porque só vieram abrir a boca quando ela engravidou”, continuou.
Após ter seus comentários expostos, a mulher apagou seu perfil na rede social. Ao G1 ela disse que é uma serva de Deus e como tal, se comprometeu a lutar contra o aborto durante a vida.
“Foi estupro porque ele é um monstro, mas deveriam ter denunciado durante esses quatro anos”, disse na entrevista.
Apesar de dizer estar arrependida, a mulher disse ao G1 que a vítima foi ‘fingida durante 4 anos’ e questionou se durante esse tempo ela não teve oportunidade de denunciar o caso e pedir ajuda.
Sesacre diz que servidora pode sofrer processo administrativo
A Secretaria de Estado de Saúde se manifestou sobre o caso por meio de nota. O secretário Alysson Bestene garantiu que “os comentários publicados em páginas pessoais não refletem o posicionamento da instituição” e que “repudia todo e qualquer ato de agressão contra a dignidade humana”.
Leia: Após dizer que criança estuprada “gozou por 4 anos”, servidora pode sofrer processo, diz Sesacre
Noeli pode receber processo administrativo, por conta da conduta.
“As denúncias sobre o caso estão sendo recebidas pela Ouvidoria do PS e serão devidamente apuradas, sendo sujeitas a medidas administrativas”, concluiu o secretário.
Ministério Público pediu informações à Sesacre
O Centro de Apoio Operacional de Defesa da Criança e Adolescente, Educação e Execução de Medidas Socioeducativas do Ministério Público do Acre (MPAC) enviou ofício à Sesacre solicitando informações sobre o vínculo funcional da internauta com o órgão estadual.
Veja também: MPAC pede informações sobre suposta servidora que minimizou estupro de criança
MPAC também vai requerer ao secretário de Saúde instauração de processo administrativo disciplinar para apurar a conduta da mulher.
Entenda o caso
A menina relatou em depoimento que era abusada pelo criminoso de 33 anos há cerca de quatro anos.
A menina procurou atendimento médico no dia 7 de agosto, dizendo estar com dores abdominais. A unidade de saúde então constatou a gravidez. Na última sexta (14), ela foi levada ao Hucam (Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes), onde foi constatada gestação de 22 semanas e quatro dias. No mesmo dia, uma decisão judicial autorizou a realização do aborto, mas o hospital alegou não ter condições técnicas de realizar o procedimento.
No domingo, a menina foi levada a Recife, onde conseguiu realizar o aborto no Cisam (Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros). Ela e a avó tiveram de entrar no local escondidas em um porta-malas devido a protestos de grupos conservadores, contrários ao aborto. Grupos feministas, como o Fórum de Mulheres de Pernambuco, também estiveram no local para apoiar a criança.
ContilNet