Francisco Luiz Yawanawá foi um dos primeiros professores do povo e morava em uma aldeia no município deTarauacá. Ele morreu com Covid-19 na UTI do Hospital do Juruá.
O professor e líder indígena Francisco Luiz Yawanawá, de 69 anos, morreu na UTI do Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul, interior do Acre, nesta quarta-feira (8), vítima da Covid-19. O indígena estava internado desde o último dia 22 na unidade de saúde.
A morte dele foi confirmada no boletim da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) de quarta.
O professor morava na primeira aldeia instalada pelo povo Yawanawá na região do Rio Gregório, que fica em Tarauacá, cidade vizinha. Sábio, acessível e defensor das causas indígenas, Francisco Luiz foi um dos primeiros da etnia contaminado pelo novo coronavírus.
A informação foi divulgada pelo sobrinho dele e cacique, Biraci Yawanawá Júnior, durante entrevista à Rede Amazônica Acre, nesta quinta (9). O líder indígena falou da falta que o professor vai fazer na aldeia.
“Para nós é muito mais doloroso quando se perde alguém de um nível de conhecimento muito alto. Tio Chicó foi um dos primeiros professores da nossa terra indígena, com grande conhecimento tanto tradicional, mas buscou também fora, aprendeu português e isso implantando a escola na comunidade. O povo Yawanawá sente muito essa perda, mas a gente vai trabalhar para que seu legado continue e que a história se perdure por todas as gerações, porque não foi em vão todo aprendizado dele”, descreveu.
O povo Yawanawá está distribuído em oito aldeias espalhadas pelo Rio Gregório. A comunidade tem escola, vive do que planta e pesca e também do etnoturismo. Com a pandemia do novo coronavírus, o cacique afirmou que as aldeias foram fechadas e pararam de receber visitas de moradores de outras cidades para evitar a contaminação.
“Fechamos tudo, não estamos recebendo ninguém, então, está sendo feito campanhas, tem uma que está no ar que é a Cura, para receber doações para comprar mantimentos e levar para todas as comunidades. Vamos comprar alimentos e produtos de higiene que são necessários nesse momento. É assim que estamos vivendo”, ressaltou.
Ainda segundo Biraci Yawanawá, o tio pode ter sido contaminado pela doença por algum ribeirinho que esteve na comunidade.
“Tem ribeirinhos que circulam e acreditamos que foi entre uma dessas idas e vindas dos ribeirinhos para a cidade. De alguma forma aconteceu isso, mas as outras comunidades têm se reservado, temos evitado a saída das pessoas para a cidade. Eu, por exemplo, estava há mais de três meses sem vir à cidade. Só vim mesmo porque a necessidade real de trazer minha irmã que está gravida e não vai ter parto normal, mas mesmo assim usando máscaras, se higienizando e tomando todas as medidas de precaução para voltar parra aldeia com segurança”, concluiu.
G1