Mesmo nomeado para atuar no município de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, como coordenador do comitê de combate à Covid-19, o médico Martoni Moura e Silva, continua na folha de pagamento do Acre com salário de R$ 18 mil.
O portal da transparência da cidade do sul do país mostra que o médico foi nomeado no 2 de abril deste ano, com salário de R$ 12 mil. E no mês de maio, o nome do servidor ainda estava na folha de pagamento do Acre.
Em publicações da rede social de Silva é possível ver a divulgação da participação ativa dele em ações no município da Balneário Camboriú, como na sessão da Câmara de vereadores do município, além de coordenar as ações de Combate à Covid-19.
Além disso, Silva também está com o registro ativo no site do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) para atuar naquele estado.
Ao G1, o médico disse que não está no Acre porque os serviços que ele presta na Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre) estão suspensas. Além disso, ele afirmou que onde estiver vai estar trabalhando.
“Por conta da pandemia não consigo nem ir ver meu filho que mora aí, quanto mais os exames que estão suspensos, que não são emergenciais. Mas, a Secretaria de Saúde já suspendeu o pagamento no mês passado sem me comunicar. E a gente está vendo como vai resolver nos próximos meses”, disse.
O médico disse que está em Camboriú desde 2018 e que todos os meses comparecia ao Acre para prestar atendimento aos pacientes portadores de hepatites, mas há três meses ele não visita o Acre e afirmou que não fez um pedido formal de afastamento porque o que aconteceu foi a suspensão das atividades que ele exercia no estado.
“O problema que aconteceu foi agora, com a pandemia não tinha como voltar aí todos os meses. Eu presto serviço, atendo os pacientes aí e tenho feito tudo certinho, prestado satisfação em relação aos pacientes que vão, os que faltam, os que adiantam de um mês para outro. Eu presto serviço, a pandemia que não deixou. Se dissessem amanhã você vem aqui fazer, eu vou só que não é o momento, porque não é emergencial”, acrescentou.
Ainda sobre uma possível investigação do Ministério Público de Santa Catarina sobre intervenção religiosa ao tratamento de Covid-19, em Camboriú, o médico disse que cada um tem sua fé e que isso não pode interferir no tratamento e nega a interferência.
“Se criou toda essa discussão por causa do uso de ivermectina, por conta de que eu esteja sendo favorável a fazer o tratamento precoce com ivermectina e azitromicina e se criou toda essa discussão. Então é algo que não deve ser valorizado”, concluiu.
Cortado da folha
O secretário de planejamento e gestão, Ricardo Brandão, informou ao G1 que o médico já foi cortado da folha de pagamento do estado e que foram colocadas faltas no período em que ele não esteve trabalhando e que um procedimento administrativo deve ser instaurado para apurar o caso.
“Conversei com o secretário de Saúde e com o diretor de Recursos Humanos (RH) e o secretário disse que quando detectou a situação foi retirado da folha e estão sendo aplicados os procedimentos cabíveis para instaurar um procedimento administrativo de exclusão dele, uma vez que ele não formalizou o pedido de demissão”, disse Brandão.
O secretário ainda informou que no sistema da Seplag constam faltas pelo período que o médico ficou sem trabalhar, mas não soube informar a data exata que o nome de Martoni Moura foi retirado da folha de pagamento. Já que em maio ele ainda consta recebendo o salário pelo Estado.
“No nosso sistema foram colocadas faltas para ele durante um certo tempo e, após isso, ele foi tirado da folha de pagamento. No nosso sistema tem as faltas e a remoção do pagamento dele”, disse.
G1