Santa Batista Brandão morreu no Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul, na noite de sexta (3). Ela deixa 8 filhos e mais de 40 netos
Com mais de 90% da população contaminada com o novo coronavírus, os indígenas da Aldeia Nova Vida, no Baixo Rio Envira, zona rural de Feijó, interior do Acre, tentam se recuperar também da morte da matriarca da etnia Shanenawa, Santa Batista Brandão, de 92 anos.
A idosa morreu vítima da Covid-19 na noite de sexta-feira (3) na UTI do Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul.
A Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) informou, no boletim de sábado (4), que Santa Batista foi internada no Hospital do Juruá no dia 27 de junho. A data também foi confirmada pelo filho da idosa, José Augusto Brandão.
Ainda abalado pela morte da mãe e se recuperando dos sintomas do novo coronavírus, o indígena conversou com o G1 neste domingo (5). Ele contou que a mãe era uma mulher dedicada aos filhos, netos e toda a família.
“Minha mãe era uma senhora dedicada aos filhos, aos netos. Uma mulher que aconselhava outras mulheres, dedicada à família. Os filhos estão reunidos na casa dela. Deixou para mais de 40 netos e 8 filhos”, se emocionou.
Família infectada
Brandão explicou que quase todos da família foram infectados pela doença. Família tenta se recuperar com chás medicinais e caseiros.
“Também fui atingido, estou em tratamento, da minha família apenas minha filha de 12 anos não está, mas o restante todos já tiveram no fundo do poço. Graças as nossas ervas medicinais, remédios caseiros e alguns remédios farmacêuticos, que estamos recebendo da equipe médica e de uma equipe de São Paulo que dá suporte”, contou.
Na aldeia, que tem 170 pessoas, cerca de 90% dos moradores já se contaminaram ou está em tratamento da Covid-19. Ele disse que a morte da mãe foi a primeira da etnia. “Aqui, 90% da população está infectada, meus irmãos, irmãs, cunhados e a família dessa matriarca, saudosa, que se foi, perdemos ela e agora estamos nos recuperando”, concluiu.
G1