Futuro do futebol acreano no Brasileirão é preocupante

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Ao falarmos de futebol, logo remetemos ao mundo glamuroso dos grandes clubes, das grandes transações, das estrelas e seus salários astronômicos, grandes campeonatos e seus estádios imponentes pulsando ao som dos torcedores. Deve ser por isso que o sonho de se tornar um jogador profissional está crivado em grande parte dos jovens brasileiros.

De certo modo, é bem verdade que o futebol brasileiro possui todos esses encantos, especialmente se tratando da primeira prateleira, com seus investimentos e patrocinadores milionários. Porém o que acompanhamos em nossos principais campeonatos, não condiz com a realidade presente em grande parte dos clubes nacionais.

Segundo uma pesquisa realizada pela FGV – Fundação Getúlio Vargas, no ano de 2019 o futebol brasileiro atingiu a marca de 800 clubes profissionais, com 28 mil atletas federados. Logo, já é de se imaginar que grande parcela dessas equipes não possuem uma situação financeira saudável, o que faz com que elas enfrentem inúmeras dificuldades, não possuem campeonatos atrativos, falta de patrocinadores, pouca visibilidade, ou seja, um futebol profissional que beira o semiprofissional.

Longe dos holofotes, temos o futebol desenvolvido no norte do país, em especial no estado do Acre, que não possui uma longa história, já que o futebol profissional somente veio a ser adotado em 1989.

Sem um campeonato estadual forte, fica difícil para a Federação de Futebol do Estado do Acre e para suas equipes participantes, atrair os investidores, grandes jogadores e principalmente o torcedor, tendo em vista que o primeiro turno do campeonato de 2020 conseguiu bater o recorde negativo de 2019, com uma média de 3.094 torcedores, somando as 19 partidas disputadas.

A falta de torcedores, o apoio da classe empresarial, ou até mesmo incentivo do poder público como acontecia em outras épocas, mostra um tipo de disputa que nenhum amante do futebol gostaria de acompanhar: o embate de clubes tradicionais de uma região, lutando diariamente para manter suas portas abertas.

A crise no Náuas é um exemplo disso. O time só conseguiu se manter no campeonato estadual, através de doações e um acordo firmado com a Federação Acreana. Porém, não se sabe ainda se o clube conseguirá retornar ao campeonato após a pandemia pelo covid-19.

Um dos problemas enfrentados pelo futebol acreano está ligado a luta em conseguir um calendário mais extenso durante a temporada, um que vá além da duração do estadual, para assim, buscar uma força maior de investimento, bem como formar elencos mais fortes e competitivos. Ocorre que quando conseguem a participação na Copa do Brasil, não possuem forças para avançar e logo são eliminados nas primeiras rodadas.

Em 2019, duas equipes acreanas conseguiram vaga para disputar a série D do Campeonato Brasileiro. Galvez e Rio Branco se juntarão ao Atlético Acreano, este é o atual campeão estadual e retorna a série D por ter sido um dos rebaixados da série C de 2019.

Entretanto, a tão almejada extensão da temporada, cumulada com a oportunidade de conseguir acesso para a 3ª divisão do Brasileirão, traz consigo um problema ainda maior: a falta de poderio financeiro!!

Acontece que clubes que possuem dificuldades financeiras para conseguir participar das disputas do Campeonatos Acreano, vão sofrer muito mais para suportar as despesas geradas por esse tipo de competição. Uma disputa nacional, exige uma logística totalmente diferente da praticada em torneios regionais, sobretudo no Brasil, um país com dimensões continentais. Dessa forma, além dos altos custos das viagens, em sua maioria de avião, ainda existem os custos com hospedagem e alimentação, isso sem falar nas despesas fixas presentes na gestão de todo clube de futebol.

A exemplo tem-se o Rio Branco que protocolou um pedido oficial de desistência do Campeonato Brasileiro da série D de 2020. O pedido foi registrado juntado a FFAC – Federação de Futebol do Estado do Acre, que fez o devido encaminhamento para a CBF. De acordo com seu Presidente, Valdemar Neto, o clube já havia analisado por diversas vezes a desistência do torneio nacional, porém a “batida do martelo” veio com a eliminação precoce da equipe no primeiro turno do campeonato acreano. Além disso, o clube não teria condições financeiras para participar da disputa, acima de tudo, nesse seu novo formato, finalizou o “Cartola”.

A gravidade da situação pode ser percebida quando pensamos que o Rio Branco é a maior equipe do futebol acreano, maior vitorioso do Estado, uma das maiores da região norte e que atualmente trava uma batalha para não encerrar suas atividades, como já aconteceu anteriormente com outras equipes.

Em 2020, as dificuldades já existentes serão somadas às da paralisação das atividades no mundo desportivo. Diferente dos times grandes, que possuem grandes patrocínios, torcidas engajadas e sedentas pelo retorno aos campos, números expressivos em sites de casas de apostas esportivas, como o da Betway; os clubes acreanos não contam com nenhuma dessas contribuições para uma retomada saudável.

Recentemente, o presidente da CBF Rogério Caboclo anunciou que a entidade vai destinar R$ 19 milhões, a título de doação, para a base da pirâmide do futebol controlado pela entidade em competições de nível nacional. A ajuda é função das dificuldades provocadas pela pandemia de Covid-19. Atlético Acreano, Galvez e Rio Branco são os três clubes do estado que serão beneficiados com os recursos.

A expectativa é que com esse incentivo, os clubes possam sanar as difíceis consequências que a pandemia trouxe e consigam se reerguer aos poucos.

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