Otávio Moura tem 1 ano e 9 meses e passou maior tempo da vida internado no Hospital da Criança, em Rio Branco. Ele ganhou um respirador portátil e pode ir para casa.
“Foi 1 ano, 1 mês e 17 dias de luta e espera”. A contagem é da mãe do pequeno Otávio Moura que teve alta do Hospital da Criança, em Rio Branco, na última sexta-feira (17), após mais de um ano morando na unidade durante tratamento de Atrofia Muscular Espinhal (AME).
A dona de casa Daniela Moura, de 27 anos, conta que a saída do filho do hospital foi marcada por uma despedida emocionante feita pelos profissionais de saúde que acompanharam o menino durante o tratamento. Com cartaz e balões, eles desejaram que a nova fase do pequeno fosse de muita saúde, amor e paz.
“A gente estava morando lá no hospital todo esse tempo e o Otávio é muito querido pelos profissionais. Todo mundo sabe a história dele, pelo que já passou e que ele é um guerreiro. Foi linda a despedida, teve cartaz, balão e ele ficou muito feliz também. Ele está muito bem, graças a Deus”, disse a mãe.
O amor foi o sentimento que mais deu força ao longo desse tempo em que o menino ficou internado. A mãe lembra que quando ele tinha quase sete meses teve uma infecção e ao ser levado para o hospital, foi diagnosticado com a doença e precisou ser internado.
A família de Otávio é do município de Porto Walter, no interior do Acre, e desde que o menino se internou no hospital, a mãe, pai e os dois irmãos passaram a morar em Rio Branco.
De lá para cá começou a luta pelo tratamento adequado e também pelo respirador que ele precisa para poder ficar em casa. E foi após conseguir o respirador portátil que o menino passou pela adaptação da troca de aparelho, a mãe também teve treinamento e ele ganhou alta médica.
“Lembro de tudo que eu lutei para tirar ele de dentro do hospital, então é uma alegria muito grande pode trazer ele para casa. Só o que eu pensava era tirar ele de lá, porque meu medo era dele contrair alguma infecção e não resistir. Também, minha família precisava da gente e ficar perto dos irmãos e do pai para ele seria muito bom. Lutei por isso. A alegria de estar em casa é outra coisa. Tentei manter minha cabeça focada e bem o tempo todo porque sabia que ele precisava de mim”, lembrou a mãe.
Remédio furtado
Otávio e a prima Maria Eduarda, de 10 anos, que também tem AME, tiveram o tratamento suspenso em março deste ano quando o remédio Spinraza, usado por eles, foi furtado do Hospital da Criança. Eles conseguiram tomar o remédio quase um mês após o furto.
A equipe médica e a direção da unidade falaram que só perceberam que o medicamento tinha sumido minutos antes da aplicação nos pacientes.
Cada dose do remédio custa mais de R$ 300 mil. As famílias conseguiram o medicamento por meio de decisão judicial. O furto é investigado pela Delegacia de Combate à Corrupção e aos Crimes Contra a Ordem Tributária e Financeira (Deccor).
Investigação
O delegado responsável pelo caso, Alcino Loureiro Júnior informou que o inquérito ainda não foi concluído e que, há cerca de dez dias, a Polícia Civil recebeu material que tinha sido encaminhado primeiro para a Polícia Federal e que ainda deve ser analisado.
Ainda segundo ele, o resultado da perícia feita no depósito onde o remédio estava não ajudou na investigação, já que não foi possível identificar as digitais presentes no local.
“A gente não conseguiu identificar as digitais, não tinha no banco de dados e isso dificultou também. A linha [de investigação] que é trabalhada é de que pessoas de dentro do órgão tenham extraviado propositalmente essas medicações para causar problemas para administração do próprio hospital e não necessariamente um furto”, afirmou Júnior.
G1