Mais uma profissional da saúde morre com coronavírus no Pronto Socorro de Rio Branco: “Nossos colegas estão morrendo, quem vai ficar para atender?”, questiona enfermeira
Abalada por chegar ao plantão e encontrar o corpo de mais uma colega de trabalho em uma pedra fria no necróterio anexo ao Pronto Socorro, em Rio Branco, a enfermeira S.M, que prefere não ser identificada, contou à reportagem da Folha do Acre o pânico enfrentado pelos profissionais da saúde que acompanham a luta dos colegas, até que eles sejam vítimas fatais da Covid-19.
Em menos de 5 dias, foi o segundo caso de profissional do Pronto Socorro vitimado pela doença, pela falta de leito ou de critérios de afastamento regulados pela Secretária de Saúde. Os profissionais que permanecem com saúde e coragem para enfrentar a pandemia se dividem entre declarar óbitos de colegas e atender os que estão em estado grave.
“Nossos colegas estão todos morrendo. A gente está com um colega na sala de emergência e não sobe porque não tem vagas. A esposa de um médico, que está grávida, está em estado grave porque pegou Covid dele. Temos um outro colega na UTI, temos o Soares grave também. Isso falando apenas do PS. Vão esperar morrer mais quantos pelo amor de Deus?”, questiona.
A respeito da morte da colega técnica de enfermagem, Mirian Minstefusco de Assis, a enfermeira S.M diz que mesmo a servidora sendo do grupo de risco, por ter doenças crônicas, teve o afastamento negado pela Secretaria de Saúde do Acre.
“O filho dela nos questionou porque negaram o afastamento. Não sabemos quais critérios a Sesacre tem adotado. Só sabemos que negaram”, diz.