O joguinho do PP para emplacar Bocalom, fator Ney Amorim e porque Gladson é o mais esperto dos espertos

Uma ala do Partido Progressista (PP) está jogando com tudo que pode para emplacar Tião Bocalom como candidato do partido à Prefeitura de Rio Branco. São releases, notas e declarações tão ocas quanto fidedignas. O velho Boca, bom sujeito, mas figura batida, segue desempenhando seu único papel: o de eterno candidato. Porém, desta vez a situação é um pouco pior e ele é candidato a ser candidato.

Ney Amorim, o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Acre, o homem responsável pela derrota de Jorge Viana, é um fator “X”, surpresa, de valor não específico no jogo. Dependerá das variáveis, mas sem dúvida é o nome de maior peso, expressão e valor nos quadros do PP e nem venham com balela de: “ah, era petista”, porque ao que me consta todos os que aí estão participaram direta ou indiretamente de gestões petistas.

Paralelo a todos esses fatores, corre por fora uma figura decisiva na escolha, expressiva, legítima e o mais espertos dos espertos: Gladson de Lima Cameli, o garoto de sorriso aberto e que de bobo só tem a cara.

Enquanto uma ala progresssita cria factoides dizendo que Bocalom foi escolhido, sabe Deus por quem ou para que, outra parte do partido briga por outros nomes e os demais brigam pelo que nem sabem o que é, Cameli, insólito, se consolida acima de qualquer crítica, firma-se como o homem que combate a pandemia, acumula capital social mais forte do que jamais teve e sabe que na última hora, como não deveria deixar de ser, a decisão passará por ele. Até chegar as convenções e ungir seu candidato preferido, Gladson Cameli vai ver os seus correlegionários se cansarem por terem começado a corrida antes da hora, desgastarem-se sem precisão e perderem o fôlego antes de começar a disputa.

Uma escolha como esta só se define nas convenções, segundos antes. Que o diga o atual vice-governador, Wherles Rocha (PSDB), que enquanto o MDB e Ulysses Araújo soltavam declarações de que o coronel seria o vice de Cameli, ele se articulava e saia de uma reunião com a cabeça coroada pela escolha.

Ney Amorim faz parte do triunvirato acreano, arremeto do Romano. Lá o triunvirato político era formado por Júlio Cessar, Pompeo e Marco Linicio Crasso. O nosso é formado por Gladson Cameli, Nicolau Junior e Ney Amorim. Pode até ser que o trio cometa um erro crasso e mude tudo, mas não contem que mesmo assim o cansado Bocalom seja candidato de fato.

*Gina Menezes é jornalista, colunista política e sócia-fundadora do Jornal Folha do Acre