Os indígenas do Povo Puyanawa pedem uma explicação sobre os procedimentos adotados em relação ao sepultamento do líder indígena Mario Cordeiro de Lima, o Mario Puyanawa, patriarca do povo indígena, que morreu vítima de Covid-19 no último sábado (20). Os familiares alegam que não puderam fazer o enterro do corpo na terra indígena, fato até então entendido por eles, até o momento que outra pessoa, mãe de um vereador, também morreu em decorrência da doença, tendo a permissão de sepultamento no cemitério de Mâncio Lima.
O atual cacique Joel Puyanawa, filho do líder indígena, explicou que não estão conformados com a situação, e precisam de uma resposta.
“Esse é um momento muito triste que estamos passando. É uma inconformação diante das informações que aqui chegaram. Quando meu pai faleceu na UTI do Juruá eu não estava com muitas condições, mas o diretor do hospital explicou o decreto diz que todas as pessoas que morrem de Covid deviam ser enterradas em uma área específica para quem morre dessa doença. Passei a mensagem para Funai, e me falaram que era muito difícil reverter a lei. Nos conformamos e meu pai foi sepultado lá. Por infelicidade a mãe do vereador também morreu na UTI de Covid, o corpo foi trazido para ser sepultado em Mâncio Lima”, relatou.
O cacique Joel explicou que a comunidade busca pelo menos um esclarecimento, já que a situação não tem reversão. Ele conta que a intenção era sepultar o patriarca na terra indígena Barão, à 18 quilômetros do Centro de Mâncio Lima.
“Nossa comunidade é a 18 quilômetros do centro de Mâncio Lima, com acesso bom. Eu gostaria de saber das autoridades se isso é preconceito com índio. Se a lei é para um tem que ser para todos. Gostaria de uma resposta e que falem isso para todas as pessoas da comunidade. Meu pai lutou, quase deu a vida pelos direitos da nossa terra, e na hora da morte não teve o direito de ser sepultado na terra que tanto lutou. É patriarca da nossa história, do movimento indígena, desse povo. O que queremos saber é a diferença, porque para um e não para outro”, informou.
A equipe de reportagem tentou contato com o setor de saúde, mas até a finalização desta matéria não conseguiu obter resposta sobre o assunto.
Juruá Online