Uma denúncia que partiu de amigos e familiares do jovem Vinícius, morador da cidade de Plácido de Castro e que apresenta transtornos neurológicos e psiquiátricos, dá conta que o rapaz foi vítima de agressão na noite de sábado por policiais do Grupo Especial de Fronteira (Gefron) pelo simples fato do jovem estar caminhado na rua sem máscara.
O vereador de Plácido de Castro, Klaczik (PT), gravou um vídeo da casa da vítima, onde foi relatado o ocorrido. “O espancaram com muita gravidade pelo simples motivo de ele estar caminhando na rua sem o uso de máscaras. Ele sofreu danos físicos e esperamos que essa abordagem não deixe mais sequelas nele, pois tem um chip implantando na cabeça e um marca-passo no peito”. A família alega que o rapaz precisou ser medicado para conseguir dormir.
Vinícius contou como tudo ocorreu: “estava eu e minha namorada. Eu estava na motocicleta e ela no banco. A Gefron chegou na viatura e de longe eles perguntaram pela máscara. A gente morava perto e estava só conversando. Enquanto ela [namorada] foi pegar a máscara dela, mandaram eu tirar o capacete”. O adolescente diz que tirou a máscara do bolso e mostrou aos policiais.
“A moto é da minha mãe para fazer entregas e como sou menor, fiquei com medo de eles levarem a moto. Eu disse que não sabia minha idade, mas mesmo depois que eu falei a idade, um deles me deu um murro no meu marca-passo. Eu perguntei se ele tava ficando doido [sic]”.
O jovem retrucou dizendo que iria pegar seus documentos que comprovam que ele usa um marca-passo no peito e iria registrar um Boletim de Ocorrências na Delegacia. “Aí um deles se exaltou e tentou me dar um mata-leão [golpe] e, quando eu tentava sair, acabei acertando um deles no olho. Depois disso, fiquei algemado”.
Ele segue dizendo que num local escuro, recebeu ao menos 10 socos no rosto. “Disseram que era para eu aprender”. Na delegacia, ele afirma que sofreu mais ameaças do então policial.
A mãe de Vinícius se disse bastante decepcionada com o trabalho dos policiais do Gefron. Eles vieram pra cá para orientar os cidadãos quanto à pandemia e não para abordar com agressões. Não sou contra a orientação e abordagem pacífica, mas por mais que meu filho estivesse errado, que levassem ele para a delegacia e chamasse o responsável, mas não fazer isso que fizeram com o rosto do meu filho”, lamenta.
A mulher classifica a atitude dos policiais como abuso de autoridade. “Tenho todos os documentos que comprovam a doença do meu filho. Eles [policiais] tinham que ser mais humanizados. Gostaria que as autoridades competentes tomassem alguma providencia em relação a isso”.
Vinícius voltou a andar há pouco tempo após muitos anos de tratamento. Segundo a mãe, o filho é refém de muitos remédios controlados de uso contínuo por conta do problema que atinge sua capacidade neurocognitiva. Ela mostrou os vários laudos e relatórios médicos que compram a doença.
O vereador sugeriu aos policiais que revessem suas abordagens. “Nem todo mundo é bandido, nem todo mundo é perigoso. Temos que ter essa consciência, não podemos agredir a população, mas preservar a saúde e a segurança das pessoas”.
O reportagem procurou a Secretaria de Segurança Pública e Justiça do Acre. À reportagem, o secretário da pasta, Paulo César, disse que já tomou conhecimento do ocorrido. “Já recebemos informações iniciais sobre a ocorrência e estamos adotando as providências no sentido de apurar a responsabilidade”, garante.
Com informações do Ac24horas