Em apenas 4 dias, 1.107 novos casos de Covid confirmam indiferença de acreanos com a pandemia

Centro de Vigilância da Sesacre estima que contaminações no Acre podem continuar até janeiro de 2021, se as pessoas continuarem se movimentando

A Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) alerta. A pandemia de Covid-19 continuará vitimando acreanos em proporções cada vez maiores, se o Sistema Público de Saúde seguir saturado, a exemplo do que aconteceu pela primeira vez em Rio Branco, na tarde desta quinta-feira, 21, quando as 32 UTIs do Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Acre (Into-AC) e do Pronto-Socorro de Rio Branco foram todas ocupadas.

Também não há mais respiradores disponíveis, embora o Governo do Estado do Acre tenha garantindo a chegada de mais 50 aparelhos para os próximos dias. Além disso, a velocidade com que as pessoas estão sendo contaminadas as leva para à beira de um precipício, com a possibilidade de um colapso no atendimento hospitalar e centenas de mortes registradas.

Uma análise de técnicos do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs), da Sesacre, prevê que a pandemia no Acre deverá ultrapassar o mês de agosto e continuar seu ritmo de contaminações, provavelmente, até janeiro, se as pessoas permanecerem se movimentando. Desde o último dia 18 deste mês, a média de contaminados pelo novo coronavírus no estado é de 276,75 pessoas por dia.

Foram 1.107 novos casos confirmados em apenas quatro dias, ou seja, do dia 18 até esta quinta-feira, 21, mais de 1.100 pessoas contraíram o vírus. Esse cenário pessimista dos profissionais do DVS acontece porque a população continua ignorando a regras de isolamento social e repassando a doença adiante.

As estatísticas mostram que 20% dos contaminados por Covid-19 vão precisar de internação, enquanto que outros 5%, de uma unidade de UTI, lançando ao poder público o desafio de burlar o princípio da física que diz que dois corpos não ocupam o mesmo espaço ao mesmo tempo.

Para Marcos Vinicius Malveira, técnico do Cievs, e profundamente envolvido no monitoramento dos dados da pandemia de Covid-19 no Acre, o número de altas, que nesta quinta-feira, 21, chegou a 1.098 pessoas, não pode servir de parâmetro para dizer que tudo anda bem.

Ao contrário do que a maioria pensa, estar curado não significa alívio, mas um indicativo de que a população não pode baixar a guarda para o isolamento. Isso é necessário porque, segundo o técnico, o colapso do sistema de saúde pode chegar no momento em que o número de pessoas curadas for igual ao de casos positivos.

As notificações e o isolamento social, no entanto desaceleram a pandemia e dão tempo para o sistema de saúde agir, garantindo um fluxo de pacientes sem congestionamentos de leitos.

“Vamos entender a pandemia como um trem. Para brecá-lo, o maquinista aciona os freios muito antes da chegada à estação. O mesmo acontece com o coronavírus, que se manifesta sempre 14 dias à frente do que fizermos para pararmos a sua circulação. Ela pode parar, mas também pode passar desenfreada pelo ponto de parada”, desenha Marcos Malveira.

Ele completa: “aí, podemos chegar a um ponto em que todos os acreanos, inevitavelmente vão se contaminar. Vai ser quando a doença já não tem para onde se espalhar e só então começará a cessar”.

Mas nessa hipótese, o preço pago será altíssimo, com milhares de mortes e o sistema [de saúde] afogado, sem condições de cuidar de tantos doentes. No atual momento, o número de pessoas curadas no estado corresponde a 35,3% do total de casos positivos da doença, já que são 3.103 infectados para 1.093 altas.

Se você leu até aqui, por favor, continue até o fim e entenda o seguinte raciocínio: se eu, você e o seu vizinho adoecermos por Covid-19, todos de uma só vez, precisando de uma UTI, dois vão morrer. E não há nada de fantasioso nisso, pois é o que vem acontecendo em Manaus, em Belém ou em Fortaleza, por exemplo, capitais cujos sistemas já entraram em colapso há muito tempo.

A solução para o que resta ainda de esperança, depois de tanto tempo desperdiçado, é continuar sensibilizado pelo próximo: ficando em casa. Se isso acontecer, a tendência é que no final de agosto, a pandemia perca força com o achatamento da curva de contaminação e o controle da doença. É conter para sobreviver.

Secom