Um apagão na central que fornece oxigênio para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Segundo Distrito resultou em uma verdadeira corrida de médicos para socorrer os pacientes com coronavírus (Covid-19) que estavam intubados. Para evitar mortes, os profissionais começaram a pedir de outros setores algumas balas de oxigênio, entre elas as das viaturas do Serviço Móvel de Urgência (Samu).
O Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) flagrou o “susto”, em que servidores carregavam os cilindros pelos corredores. Os médicos alertaram que a pane no sistema vem ocorrendo com certa frequência e o motivo seria a utilização de forma ininterrupta 100% da capacidade.
“Olha, foi uma situação que chegamos a pensar em registrar um boletim de ocorrência contra o governo do Estado, pois não é a primeira vez que isso ocorre”, alertou um dos médicos que preferiu não se identificar.
O técnico da empresa foi chamado e conseguiu colocar o sistema em atividade, mas os profissionais temem um novo apagão.
Na UPA, todos os respiradores e leitos estão ocupados e pacientes não param de dar entrada, chegando a existir pessoas pelos corredores, em que os exames apontam a necessidade urgente de oxigênio.
“Os pacientes chegam com baixa saturação [pouco oxigênio no sangue], mas não há leitos. Uma situação que nos causa muita tristeza, porque não há equipamentos para ajudar”, disse outra médica que pediu para que o nome não fosse divulgado e que alertou para a falta de servidores, como fisioterapeutas para ajudar no combate da Covid-19.
O problema se agrava, pois apenas os casos positivos, confirmados por meio de exame, é que podem ser encaminhados para o Into, local em que existem leitos de enfermaria e Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas existe uma demora que chega a 5 dias, espera que pode atingir até 15 dias para a divulgação dos resultados.
O presidente do Sindmed-AC, Murilo Batista, explicou que esses problemas seriam levados a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), mas os gestores cancelaram por duas vezes seguidas a videoconferência para tratar do tema. Entre as demandas que seriam cobradas ainda estão o treinamento dos médicos de Feijó para realizar a intubação de pacientes, além da contratação de mais um fisioterapeuta e o fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPI).
“Precisamos cobrar dos gestores alguma resolução para os problemas, pois não é possível conviver com a pane do oxigênio, além da criação de uma burocracia para evitar o transporte de pacientes para o Into. Procuramos o diálogo, mas vidas estão em jogo, por isso é inadmissível que não haja resposta por parte do governo do Estado”, protestou o sindicalista.
Todos os problemas, incluindo a burocracia criada para evitar as transferências de pacientes e as dificuldades vividas pelos médicos do interior, farão parte de um relatório que será encaminhado para o Ministério Público Estadual (MPE).
Assessoria