Saúde libera R$ 80 mil para tratamento de garotas acreanas com sequelas da vacina HPV

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O Ministério da Saúde liberou mais de R$ 80 mil para o tratamento dos pacientes do estado do Acre que tiveram reações após tomarem a vacina contra o HPV. A portaria foi publicada na edição desta terça-feira (10) do Diário Oficial da União.

O recurso deve ser repassado ao Hospital das Clínicas de São Paulo. A medida, assinada pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, levou em consideração solicitação de aditivo do contrato para seguir com as investigações de suspeita de eventos adversos pós-vacina HPV em adolescentes no Acre.

As mães dos adolescentes dizem que os primeiros sintomas nos filhos após tomarem a vacina, ainda em 2015, foram: crises convulsivas, desmaios, fortes dores pelo corpo e vermelhidão.

Em novembro do ano passado, representantes do Ministério da Saúde, Organização Pan Americana da Saúde (OPAS), Ministério Público do Acre, além de pesquisadores da USP, apresentaram o resultado de um estudo feito em adolescentes acreanos que tiveram reações após tomarem a vacina.

Por videoconferência, o psiquiatra e pesquisador da USP Renato Luiz Marcheti afirmou que não existe causa biológica ligada à vacina e que as pacientes apresentaram o que eles chamam de crise não epilética psicogênica – uma espécie de crise de origem psicológica.

“Dos 12 pacientes avaliados, 10 deles têm o que nós chamamos de doença psicogênica pós-vacinal. Não existe relação causal de natureza biológica entre a vacina e essa doença. A vacina, no entanto, foi o gatilho para o desencadeamento dos sintomas para os quais os pacientes já eram vulneráveis”, afirmou.

No AC, mais de 80 meninas apresentaram reação

A secretária-adjunta de Assistência à Saúde do Acre, Paula Mariano, disse que desde que foram disponibilizadas as primeiras doses da vacina, há quatro anos, 82 casos de reações à vacina foram notificados.

Paula informou que, no total, 16 meninas apresentaram sintomas mais graves e, por isso, foram selecionadas pelo estado para irem a São Paulo se submeter aos exames para diagnósticos por profissionais da Universidade Pública de São (USP).

O representante do Ministério da Saúde, diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde (DEVIT/SVS/MS), Júlio Croda, explicou como os médicos chegaram ao diagnóstico.

“O consenso que a gente chegou, após um esforço muito grande, juntamos um grupo de médicos psiquiatras do Instituto de Psiquiatria da USP e avaliamos inicialmente 12 meninas para ver o diagnóstico. Dessas, 10 foram diagnosticadas com sinepe – uma doença importante onde é necessário um tratamento, um acompanhamento a longo prazo. Duas pacientes apresentaram crises convulsivas epiléticas, então, a gente conseguiu chegar ao diagnóstico dessas 12 pacientes”, explicou Croda.

Diagnóstico esse que a cabeleireira Bruna Álita, mãe de uma adolescente de 16 anos que tomou a vacina, questionou. Segundo ela, antes de ser imunizada, a filha não tinha nenhum problema de saúde.

“Os sintomas foram dor de cabeça, sangramento nasal e desmaios. Esse quadro dela só evoluiu ao passar dos dias quando ela tomou a segunda dose da vacina, foi quando começaram as crises convulsivas, é difícil de controlar. Ela já foi internada várias vezes e os sintomas só crescem”, disse.

Comprovação científica

Croda acrescentou que foi comprovado cientificamente que a vacina não causou esses sintomas. Ele disse que uma equipe de psiquiatria da USP deve vir ao Acre para dar treinamento aos profissionais de saúde para que eles possam estabelecer um diagnóstico em outras adolescentes e crianças.

“O Ministério da Saúde se baseia em evidências e literatura, a equipe da USP é a mais qualificada no Brasil para atendimento desse diagnóstico e é reconhecida mundialmente. Nós, como Ministério da Saúde, apoiamos esse diagnóstico, que foi estabelecido e repudiamos qualquer diagnóstico alternativo que não seja respaldado em evidência científica”, afirmou.

O gestor alertou ainda em relação a tratamentos alternativos para a doença oferecidos por pessoas que podem, de alguma forma, se aproveitar da situação da vulnerabilidade das famílias.

“Não são recomendados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), nós iremos fazer uma denúncia ao CFM de qualquer atividade médica que seja indicada sem respaldo científico”, afirmou Croda.

Sobre a informação de que na bula da vacina consta algum tipo de reação parecida com a que as mães das pacientes relataram, Crodo disse que a informação é inverídica.

“Na bula não diz que está associado à sinepe, que é o diagnóstico clínico médico que foi estabelecido pelos profissionais de excelência no Brasil, então, essa afirmação é incorreta. É importante esclarecer a população em relação a isso”, acrescentou.

G1

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