Um pastor da cidade de Acrelândia, interior do Acre, foi condenado a mais de 33 anos por abusar sexualmente de duas enteadas adolescentes. Uma das vítimas teve uma filha com o acusado. A sentença é da Vara Única Criminal da Comarca de Acrelândia e cabe recurso.
O G1 não conseguiu contato com a defesa do pastor. O acusado foi condenado a 33 anos, 11 meses e 15 dias de prisão em regime fechado. Ele não pode recorrer da sentença em liberdade.
A reportagem teve acesso à sentença do caso. Em um dos trechos, a Justiça detalha que a primeira vítima foi abusada aos 7 anos, já a segunda foi aos 10 anos. Foi a primeira vítima quem denunciou o padrasto para polícia após a mãe dela ser agredida pelo acusado.
“A vítima, no seu depoimento em juízo, foi bem clara em relação ao fato de que o denunciado por diversas vezes teve conjunção carnal com ela, desde que ela tinha sete anos de idade, tendo inclusive a engravidado quando ainda era menor de 14 anos, e ainda praticou os mesmos atos com sua irmã, com o objetivo exclusivo de satisfazer sua lascívia”, destaca parte da sentença.
A outra vítima também confirmou os abusos na época da denúncia. Porém, durante o julgamento voltou atrás e negou o crime. Mas, para a Justiça ficou claro que o acusado abusou das irmãs.
“Ressalte-se que a negativa da vítima perante este juízo se mostrou contraditória e frágil, não tendo condão de afastar as outras provas produzidas nos autos, quais sejam, o depoimento de sua irmã que foi firme e consistente, com riqueza de detalhes, o depoimento das conselheiras tutelares e agentes de polícia e laudos periciais”, frisa.
DNA
Apesar de negar ser o pai do filho de uma das enteadas, um exame de DNA comprovou a paternidade. A informação consta em depoimento dado por uma policial em juízo.
Quando questionado sobre a paternidade da criança, o pastor disse não saber como o resultado deu positivo.
“Se eu tivesse feito tudo isso aí, ela [mãe das crianças] não teria visto? Uma delas ficou grávida, mas não é de mim. Não sei explicar como o resultado do DNA deu positivo”, se defendeu.
Denúncia
O acusado foi denunciado por estupro de vulnerável pelo Ministério Público do Acre (MP-AC). O acusado negou em juízo que tivesse abusado das vítimas e ainda alegou não saber quem era o pai da filha de uma das enteadas.
“Nesses crimes que ocorrem às ocultas, como ele era padrasto das vítimas, há a necessidade de se aferir com credibilidade a palavra da vítima em juízo. Depois de haver essa condenação, o mais importante ainda é conseguir efetivar a prisão. Vemos muitos casos em que há condenação, mas não há prisão”, explica o promotor de Justiça, Júlio César de Medeiros.
Vinagre para não engravidar
A sentença destaca também que o acusado aproveitava os momentos a sós com uma das vítimas para iniciar os abusos. Uma irmã não sabia que a outra era abusada. Em depoimento, uma das adolescentes disse que o pastor pedia para as demais crianças irem brincar para ficar sozinho com ela.
“Dizia que se a gente não ficasse com ele iria mandar matar nós e ia matar minha mãe. Eu com medo dele fazer alguma coisa com minha mãe ficava forçada. Minha irmã não via, porque era separado”, diz parte do depoimento da vítima.
G1