MPF arquiva investigação sobre furto de remédio de R$ 300 mil no Hospital da Criança

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Maria Eduarda e Otávio Yankee Moura iam tomar a quarta dose do remédio para o tratamento de AME — Foto: Arquivo da família

Órgão informou que saiu do caso porque já é investigado pela Polícia Civil. Remédio é usado no tratamento de AME de duas crianças em Rio Branco

O Ministério Público Federal no AC (MPF-AC) arquivou o pedido de investigação sobre o furto da medicação Spinraza, usado no tratamento de Atrofia Muscular Espinhal (AME). Duas doses do remédio sumiram de dentro do Hospital da Criança, em Rio Branco.

Cada dose custa mais de R$ 300 mil. O remédio é usado no tratamento de Maria Eduarda, de 10 anos, e do primo dela, Otávio Yankee Moura, de 1 ano e 4 meses. O tratamento das crianças foi suspenso por conta do furto.

As crianças receberiam a quarta dose do remédio na segunda-feira (9), mas os pais, a equipe médica e a direção da unidade descobriram que a medicação foi furtada minutos antes da aplicação, quando os pacientes estavam na sala de cirurgia.

Em nota, o MPF-AC disse que o procurador da República Vitor Hugo Teodoro ‘entendeu que não houve lesão direta a bens/diretos da União, e portanto não há atribuição do MPF, sendo desnecessário o declínio de atribuição, pois já há procedimento em andamento pelo órgão responsável (Polícia Civil)’.

O pedido de investigação foi protocolado pelo deputado estadual Jenilson Leite (PSB), na terça-feira (11).

Perícia em farmácia

O Instituto de Criminalística da Polícia Civil fez perícia, na quarta-feira (11), na farmácia do Hospital da Criança. Peritos fizeram vários procedimentos em busca de pistas para se chegar a autoria do furto.

Segundo a polícia, foram colhidas impressões digitais encontradas no freezer onde o medicamento estava guardado, além de outros materiais que serão periciados.

As investigações estão sendo conduzidas pelo delegado Alcino Ferreira Júnior, titular da Delegacia de Combate à Corrupção e aos Crimes Contra a Ordem Tributária e Financeira (DECCOR).

“Já ouvimos seis pessoas nesse caso, a perícia foi ao local e a gente está correndo atrás. A Polícia Federal também está tratando do assunto. A gente não tem a data exata de quando esses medicamos sumiram, porque foi constatado no dia da aplicação. A última vez que foi aplicada a dose foi no final de janeiro, então tem um delay (atraso) grande até o sumiço”, afirmou o delegado.

Investigação

Em nota, a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) reafirmou que já acionou o Ministério da Saúde, em Brasília, para o envio de um novo lote do remédio. Garantiu também que o crime é investigado pelas polícias Civil e Federal.

“Todas as medidas investigativas estão sendo tomadas por partes das polícias. A Sesacre não aponta culpados e suspeitos, sendo esse o papel dos órgãos investigativos”.

‘Absurdo’, diz mãe

Em entrevista ao G1, na segunda, a secretária Neiva Eliane, mãe de Maria Eduarda, disse que ficou chocada com a situação e que teme pelo tratamento da filha e do primo. Sem o remédio, o tratamento das crianças foi suspenso.

“O tratamento do Otávio, que está internado e respira com ajuda de aparelhos, e da Maria Eduarda foi suspenso porque furtaram a medicação. Não tem no hospital, simplesmente sumiu. A gente lutou tanto para eles tomarem a medicação e, na última dose, acontece isso. É um absurdo”, criticou.

G1/AC

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