‘Me senti humilhada’, diz mulher que só soube do processo quatro anos depois. Segundo a decisão, produtos eram furtados
A dona de casa Cleita Fernandes, de 27 anos, levou um susto ao saber que havia sido condenada por ter comprado um quilo de açúcar e farinha em 2016.
O caso aconteceu na cidade de Mâncio Lima, no interior do Acre, e o processo aponta que os produtos comprados por ela por R$ 4 na época eram furtados.
Em sua defesa, ela diz que não sabia do furto e que o homem que vendeu o açúcar e a farinha havia alegado ter ganhado da mãe.
“No dia, eu estava precisando do açúcar e farinha e ele passou com os dois em uma sacola oferecendo. Eu disse que podia dar R$ 4, ele aceitou e saiu. Pouco tempo depois, a polícia chegou atrás, já na maior ignorância, mesmo eu afirmando que eu não sabia que eram furtados”, contou.
Cleita diz que não conhecia o suspeito do furto, mas que comprou porque estava precisando. “Assim que a polícia chegou, peguei os produtos e devolvi a eles, não sabia que tinha virado um processo com condenação”, explica.
‘Me senti humilhada’
Na decisão, de outubro de 2019, o juiz Hugo Torquato aceitou a denúncia do Ministério Público contra o homem que teria furtado os alimentos e contra a trabalhadora rural por receptação, já que ela teria comprado o produto.
A pena foi substituída por 192 horas de prestação de serviços à Secretaria de Obras de Cruzeiro do Sul, também no interior do Acre, e ao pagamento de prestação pecuniária no valor de um salário-mínimo.
A dona de casa conta que em nenhum momento foi ouvida pela Justiça e só soube porque ligaram para o irmão dela e avisaram. Agora, ela está à procura de um advogado para tentar recorrer da decisão.
Atualmente, ela mora no Bujari, interior do Acre, e vive apenas com o dinheiro que recebe do Bolsa Família. Ela também sustenta dois filhos. “Me pegaram de surpresa, me senti humilhada”, finaliza.
G1