Governo chinês anunciou 34 novos casos vindos do exterior. Wuhan, antes epicentro da Covid-19, ainda vive quarentena
A China anunciou, na quinta-feira 19, que nas últimas 24 horas não registrou qualquer novo caso de COVID-19, mas verificou 34 casos de infectados que vieram do exterior. Trata-se da primeira jornada sem casos locais de contaminação desde que as autoridades locais definiram, em janeiro, os critérios de contagem.
Segundo a Comissão Nacional de Saúde, estes 34 casos “importados” constituem o maior aumento diário em duas semanas. A Comissão também informou oito óbitos nas últimas 24 horas de pacientes do coronavírus, o que elevou o total de vítimas fatais na China continental a 3.245.
O boletim revela ainda que apenas 7.263 pacientes permanecem internados na China devido ao COVID-19, que infectou mais de 81 mil pessoas no país.
Os números revelam que a epidemia parece estar sob controle na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei e onde o COVID-19 foi inicialmente identificado, em dezembro de 2019.
Wuhan aguarda a queda de suas barricadas
A imagem de bicicletas empilhadas na forma de uma barricada expressa de forma brutal o medo em que vive a população de Wuhan, a cidade chinesa onde o novo coronavírus apareceu no final de dezembro e que está em quarentena desde janeiro.
Com 11 milhões de habitantes enclausurados, Wuhan ficou parada no tempo, dando a suas amplas avenidas um ar fantasmagórico. Cada micro-bairro está trancafiado atrás de barricadas intransponíveis, construídas às pressas e vigiadas 24 horas. As poucas pessoas que se aventuram do lado de fora devem passar por controles sanitários e por uma medição de temperatura para voltar para casa.
Um exército de voluntários dos comitês de bairro – que transmitem as ordens do poder em nível residencial – zela pelo estrito cumprimento das medidas de confinamento. Fornecedores e vendedores abastecem esses enclaves urbanos fazendo passar sacos com produtos alimentícios para os clientes do outro lado das barreiras.
E se locomover dentro da cidade é uma missão impossível. Barreiras móveis de plástico ou metal foram colocadas em cruzamentos estratégicos – mas o dia em que as barreiras de Wuhan vão cair definitivamente não parece distante.
Pela primeira vez desde janeiro, a cidade onde a grande maioria das 3.245 mortes chinesas foi confirmada não registrou nenhuma nova infecção por coronavírus.
Algumas restrições ao movimento estão começando a relaxar: nos bairros denominados “sem risco epidêmico”, os moradores podem se mover dentro de seus edifícios, desde que não se reagrupem. Também foi permitido o reinício das atividades de algumas empresas essenciais.
Carta Capital