A ex-miss Acre Hyalina Lins Farias, de 21 anos, está no meio de uma polêmica nas redes sociais. Isso porque ela foi uma das estudantes convocadas na lista da 2ª chamada do Sisu para o curso de medicina na Universidade Federal do Acre (Ufac), divulgada na terça-feira (11).
É que a ex-miss passou na vaga destinada a deficientes, que tem como critério renda familiar igual ou inferior a 1,5 salário mínimo e que tenha cursado o ensino médio em escolas públicas. Mas, nas redes sociais alguns internautas alegaram que a jovem não tem deficiência e possui uma vida de luxo.
“O problema é que ela não cumpre os requisitos ué (sic), tirou a vaga de uma pessoa que cumpre. Ela não tem baixa renda e nem é deficiente”, disse um internauta.
“Ela falou, falou nos stories, e não disse a deficiência. Entrar com esse tipo de cota, mentindo, é muita falta de caráter”, diz outro comentário.
Baixa visão e viagens pagas pelo namorado
Ao G1, Hyalina, que foi miss Acre em 2018, explicou que sofre de baixa visão desde a infância e atualmente tem 20 graus de miopia. Mesmo usando lente de contato, ela diz que não consegue enxergar perfeitamente com nenhum tipo de lente corretiva.
“Minha visão não é perfeita. Queria que fosse, mas não é, e não é algo que exponho na minha rede social. Em relação à renda, minha família tem baixa renda. Fui uma pessoa que sempre morou em periferia, sempre peguei ônibus para estudar. Estudei em creche pública, ensino fundamental e médio em escola pública. Tenho como comprovar”, frisou.
A jovem já é estudante do curso de enfermagem da Ufac. Ela revelou que deve largar o curso para estudar medicina. Sobre as fotos de viagens e passeios postadas nas redes sociais, Hyalina falou que as despesas são custeadas pelo namorado, que é cirurgião plástico no estado acreano.
“Ele viaja e me leva com ele. Posto fotos das viagens, mas quem custeia isso é ele. A renda da minha família não tem nada a ver com isso. De repente as pessoas passaram a olhar para isso. Não mereço só porque namoro uma pessoa que estudou e conseguiu vencer na vida? Se ele me largar amanhã eu continuo a mesma. Só vou parar de viajar”, lamentou.
Em nota, a Ufac informou que vai avaliar o caso da estudante. Ainda conforme a universidade, a publicação dos nomes dos candidatos na segunda chamada do Sisu não garante a vaga para os cursos da universidade. Esclarece ainda que os candidatos precisam passar nas duas fases de matrícula para garantir a vaga.
“Os candidatos que faltarem ou tiverem sua validação indeferida estarão automaticamente eliminados e perderão direito a vaga”, conclui.
Inscrições
As inscrições institucionais dos cursos na Ufac iniciaram nesta quarta-feira (12) e seguem até sexta (14). Na primeira fase da matrícula, os estudantes precisam entregar a documentação exigida no Núcleo de Registro e Controle Acadêmico (Nurca) nos campus de Rio Branco, e em Cruzeiro do Sul é no laboratório de informática.
Na segunda fase, os candidatos inscritos nas modalidades específicas como: deficiência, baixa renda per capita, autodeclarados pretos, pardos ou indígenas; estudantes da rede pública, entre outras, devem apresentar a documentação específica de cada modalidade.
Os inscritos como deficientes serão submetidos à Comissão Permanente de Validação dos laudos (CPV/Pcd).
Polêmica
A estudante diz que já começou a separar a documentação exigida para apresenta na Ufac. Hyalina falou também que se preparou para as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em um curso preparatório, por meio de uma bolsa.
“Estou na metade do curso de enfermagem e fazia pré-Enem lá, ganhei uma bolsa no curso. Ia desistir do curso de enfermagem para estudar medicina. Agora com toda essa polêmica sei que vão me avaliar de uma forma diferente, mas estou disposta, vou entregar minha documentação e seja o que Deus quiser”, complementou.
A jovem garantiu também que não trabalha, mas que faz parcerias com lojas e ganha descontos em produtos ou brindes.
“Antes de sair a lista, de saber que eu ia ser chamada, já começaram a falar coisas. Foram procurar meu nome na lista de espera que eu nem sabia que ia ser chamada. Já começaram a postar e falar um monte de coisa sobre mim”, concluiu.
G1