Uma família com mais de 30 indígenas venezuelanos da etnia Warao que buscou o Acre para ter abrigo, alugou uma segunda casa, em Rio Branco, e vive de doações de voluntários que ajudam com a entrega de alimentos e roupas. O aluguel de R$ 1 mil é pago com dinheiro que recebem nas ruas.
O grupo começou a chegar ao estado em setembro de 2019, em um grupo de mais de 60 pessoas fugindo da crise na Venezuela. Desde então, é comum encontrá-los em semáforos pedindo ajuda.
Logo que chegaram, eles se hospedaram em uma pensão no bairro da Base, onde ficavam em quartos superlotados e pagavam uma diária de R$ 20. Em busca de mais espaço, a família de 31 pessoas mudou para uma casa no bairro Aviário.
Apesar da tentativa de melhorar as condições, a casa onde vivem com 11 crianças, 9 adolescentes e 11 adultos, ainda é pequena. No aglomerado de pessoas, os colchões ficam espalhados pelo chão da casa. Por cômodo, eles abrigam cerca de sete pessoas.
As doações que chegam eles dividem pelo número de famílias formadas, cinco ao todo. E o desejo é conseguir um trabalho para se manter.
Um dos líderes do grupo, Jesus Zapata, de 47 anos, disse ao G1 que o desejo deles é de ter uma melhor qualidade de vida.
“Hoje em dia o que queríamos era um abrigo para viver melhor. Estamos pagando aluguel por isso precisamos de um abrigo”, conta.
Na casa alugada, eles estão desde dezembro do ano passado. Ao chegarem ao Acre, eles já se hospedaram no bairro da Base e depois fizeram a mudança mais recente para o Aviário.
“Todos aqui são família, temos parentesco, primos, irmãos. Saímos da Venezuela separados e nos encontramos no Acre. Não temos trabalho e queremos ajuda, temos que sair na rua para conseguir algo de dinheiro para comprar frango, peixe. Temos muitas crianças”, disse.
Ercília Zapata, 36 anos, tem sete filhos e conta que, mesmo com as dificuldade enfrentadas no Brasil, está melhor que no país de origem.
“Não tem comida, não tem medicina. Vim para o Brasil com os meus filhos para o Brasil e aqui está melhor que lá. A situação lá é muito grave. Passamos muita fome, nossos meninos, muitos indígenas estão em várias partes do Brasil e nós estamos aqui”, conta.
Na Venezuela, Aleice Ribeiro, de 30 anos, era ajudante de pedreiro e conta que preferiram ficar juntos em família para tentar recomeçar.
“Nós aqui ainda não temos trabalho, não temos nada. Mas, estamos juntos e contamos com a ajuda das pessoas”, pontua.
O grupo precisa de produtos de higiene pessoal, limpeza, alimentos, colchões, remédios e suprimentos de saúde.
O Conselho Indigenista do Acre (Cimi) informou que, no início de dezembro, houve uma reunião com órgãos governamentais e não governamentais para tentar encontrar uma solução e ajudar os indígenas.
A assessoria de Comunicação da Secretaria de Assistência Social, dos Direitos Humanos e de Políticas para Mulheres (SEASDHM) informou que a partir deste mês, após o recesso, serão tomadas as providências, e também será dado o posicionamento do estado.
Já a Prefeitura de Rio Branco informou que recebeu uma recomendação do Ministério Público Estadual (MP-AC), mas que a Procuradoria-Geral do Município está analisando quais os pontos da recomendação se enquadram na competência municipal.
G1